Rafaella Panceri
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São Paulo — Nem todo paciente que se submete à quimioterapia vai ficar careca e há outros sinais de alerta para o câncer além do caroço no seio. O câncer de mama não acomete só mulheres e, quando é hereditário, pode ser transmitido para homens. E mais: nem o tratamento nem o teste genético feito para detectá-lo antes que se manifeste são caros ou dependem de tecnologias futuristas.
Os estereótipos e equívocos ligados ao câncer de mama, cuja prevenção é destaque no mês de outubro, afastam quem mais precisa das soluções disponíveis. Acessíveis financeiramente, elas prometem mudar a vida de pacientes nessa condição. A boa notícia é que o câncer de mama não é uma sentença de morte — pode ser tratado como doença crônica. As informações são da Astra Zeneca, biofarmacêutica global voltada ao desenvolvimento de medicamentos de oncologia.
Prevenção
Os avanços no diagnóstico e no tratamento de tumores femininos na última década vêm para acabar com os estigmas relacionados ao câncer e fornecer tratamentos preventivos. Mas o cenário ainda é preocupante: uma em cada seis mulheres terá a doença em algum momento da vida. Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), a previsão é de que mais de 59 mil casos de câncer de mama sejam descobertos no Brasil até o fim de 2018.
A manifestação pode ser genética (de pai ou mãe para filha), mas pode ocorrer por fatores como estilo de vida e idade avançada. Quebrar os estereótipos ligados à doença serve para empoderar a paciente com informações sobre a sua condição e fazê-la ter acesso às melhores alternativas de prevenção e tratamento, como defende Angélica Nogueira Rodrigues, oncologista e presidente do EVA — Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos.

A oncologista Angélica Nogueira Rodrigues alerta para a importância da informação para a paciente com câncer. Foto: Fabiano Feijó/Divulgação.
Redução de riscos
“A identificação precoce do status da mutação nos ajuda a identificar pacientes que podem se beneficiar das estratégias de redução de riscos, como recorrer a uma cirurgia profilática, por exemplo”, comenta. Preventiva, a intervenção remove tecidos potencialmente cancerígenos. “Quando um dos genes BRCA [1 e 2] sofre uma mutação, ele perde sua capacidade protetora, deixando o organismo mais suscetível ao surgimento de tumores malignos, especialmente de mama e ovário”, complementa Rodrigo Guindalini, oncologista especialista em oncogenética.
A identificação do gene exato onde ocorre a mutação era impossível há décadas, mas com os avanços dos testes genéticos, médicos e pacientes podem decidir em conjunto pela melhor estratégia. Existe um profissional especializado em aconselhamento genético. “O processo tem etapas. Normalmente, é realizado um teste genético em mulheres da mesma família que já têm ou tiveram câncer”, explica Guindalini. O exame é simples, feito a partir de amostras de sangue ou saliva.
Com o resultado em mãos, a paciente passa por outra consulta, quando acontece a avaliação médica. O profissional deverá analisar os fatores de risco e o estilo de vida e dirá se o mais indicado é a cirurgia profilática ou outro método como a quimioterapia. Esses testes ganharam fama após a atriz Angelina Jolie anunciar que retiraria as mamas e os ovários devido ao histórico familiar de mutação e probabilidade de desenvolver tumores nesses órgãos.
Caso a mutação seja diagnosticada após a manisfestação do câncer, há tratamentos com efeitos colaterais mais brandos, se comparados à quimioterapia. São as chamadas terapias-alvo. “Que atacam diretamente o tumor. Tem sido uma grande arma da medicina no combate aos tumores com mutação. Isso possibilita um grande salto no índice de sobrevivência das pacientes”, compartilha Angélica Nogueira Rodrigues.

Foto: Fabiano Feijó/Divulgação
Saiba mais
» Nem todos os pacientes com câncer que se submetem à quimioterapia ficarão carecas. Hoje, há equipamentos utilizados durante a infusão do medicamento. São toucas que resfriam o bulbo capilar e impedem a circulação de sangue no local.
» O caroço na mama não é o único sinal de alerta. Líquidos expelidos pelos mamilos e aspecto de celulite nas mamas são alarmantes.
» O câncer de mama também acomete homens e pode ser transmitido geneticamente por homens, quando é fruto de mutações genéticas.
» O teste genético que ficou popular com a atriz Angelina Jolie custa até R$ 1,5 mil e envolve exames de toda a família do paciente. Os planos de saúde são obrigados a fazê-lo em alguns casos, de acordo com a Agência Nacional de Saúde (ANS).
» A cirurgia de remoção de tecidos cancerígenos ou potencialmente cancerígenos não destruirá a mama inteira, por regra. As técnicas estão mais sofisticadas e causam menos danos ao seio, além de preservar o aspecto estético.