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Ensino a distância ultrapassa ensino presencial e já reúne mais da metade dos universitários

Brasil registra recorde de mais de 10 milhões de matrículas no ensino superior; expansão da EaD é apontada como fator central para esse crescimento

Redação Jornal de Brasília

23/09/2025 21h45

ensino superior sala de aula

Foto: Arquivo/Agência Brasil

O ensino superior brasileiro atingiu uma marca inédita em 2024: são mais de 10,2 milhões de alunos matriculados em cursos de graduação. Os números constam no Censo da Educação Superior 2024, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), e mostram que, pela primeira vez, os cursos a distância ultrapassaram os presenciais em participação. As informações são da Agência Brasil.

Segundo o levantamento, 50,7% dos estudantes estão em cursos de educação a distância (EaD), enquanto os presenciais somam pouco menos da metade. O crescimento da modalidade foi de 5,6% entre 2023 e 2024, contrastando com a queda de 0,5% no ensino presencial no mesmo período.

Para o presidente do Inep, Manuel Palacios, a popularização da EaD está diretamente ligada ao avanço tecnológico e à possibilidade de conciliar trabalho e estudo. “A educação a distância proporcionou a ampliação da oferta e atendeu estudantes que, de outra forma, não teriam acesso à educação superior”, afirmou.

Ele destacou ainda a regulamentação recente que estabelece três formatos de cursos superiores — presencial, semipresencial e totalmente a distância — como um passo importante para descentralizar o acesso. A expectativa, segundo Palacios, é que surjam polos universitários mais estruturados em diferentes regiões, ampliando a cobertura educacional.

Hoje, a EaD já está presente em 61% dos municípios brasileiros, alcançando 3.387 cidades. Esse número representa um crescimento de quase 100% em relação a 2014, evidenciando a transformação do setor em apenas uma década.

Perfil dos cursos e dos alunos

O bacharelado segue como o grau acadêmico mais procurado, com 60% das matrículas. Porém, os cursos tecnológicos mostraram o crescimento mais acelerado: alta de 99,5% entre 2014 e 2024. Já as licenciaturas tiveram avanço mais modesto, de 17,2% no mesmo período.

Entre os cursos mais populares, pedagogia aparece na liderança, com 4,48 milhões de matrículas, seguida por administração (4,40 milhões) e direito (3,49 milhões). Também estão entre os mais procurados contabilidade, enfermagem, sistemas de informação, gestão de pessoas, psicologia e educação física.

Outro dado que chama atenção é a taxa de continuidade dos alunos do ensino médio para a graduação. Em média, um terço dos concluintes de 2023 ingressou no ensino superior em 2024. Essa proporção, no entanto, varia bastante: chega a 64% entre estudantes da rede federal, cai para 27% na rede estadual e alcança 60% na rede privada.

Estrutura e docentes

Atualmente, o país conta com 2.561 instituições de ensino superior, sendo mais de 2,2 mil privadas e 317 públicas. A rede privada concentra cerca de 80% das matrículas, totalizando mais de 8 milhões de estudantes.

Em relação ao corpo docente, o censo mostra um contraste: na rede pública, houve aumento de 14,4% no número de professores na última década; já na rede privada, a redução foi de quase 20%. A maioria dos doutores está nas instituições públicas, enquanto no setor privado predominam docentes com mestrado.

O levantamento também revelou diferenças no regime de trabalho: professores da rede pública atuam principalmente em tempo integral, enquanto na rede privada predomina o regime parcial.

Apesar da expansão, a evasão e a queda na taxa de concluintes preocupam. Em 2024, mais de 1,3 milhão de estudantes terminaram a graduação, mas esse número representou queda tanto na rede pública quanto na privada.

Especialistas apontam que o próximo desafio será garantir qualidade nos cursos oferecidos em larga escala, especialmente nos de educação a distância, que já transformam o perfil do ensino superior no Brasil.

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