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Brasil

Defesa da ciência vira disciplina obrigatória nos cursos de Saúde

Instituições de ensino superior têm investido em cursos de pós-graduação que abordam habilidades como a importância da comunicação

Redação Jornal de Brasília

12/05/2022 6h42

Foto: Secretaria de Saúde

As relações entre profissionais de saúde e pacientes sempre foram marcadas por confiança. Esse elemento, entretanto, foi colocado em xeque durante a pandemia da covid-19: um surto de boatos e fake news questionou tratamentos, medicamentos e até mesmo as bases da ciência. O caso mais exemplar é o avanço de movimentos antivacina.

Para auxiliar os profissionais de saúde a lidar não somente com doenças, mas com esse cenário de desinformação que coloca vidas em risco, as instituições de ensino superior têm investido em cursos de pós-graduação que abordam habilidades como a importância da comunicação científica para o pessoal da área médica. A formação nesses moldes é a Especialização em Comunicação em Saúde: fundamentos, práticas, agendas e desafios, ofertado pela Fiocruz Brasília. O curso busca identificar e discutir as principais tendências da comunicação na sociedade contemporânea, bem como a influência de tais meios na criação de valores e práticas relacionadas com a saúde. Nesse aspecto, o programa aborda uma das ferramentas mais comuns na disseminação de informações: as redes sociais.

“Temos o viés mais pragmático de fazer o profissional entender o funcionamento das redes sociais e trabalhar com tais canais”, diz Wagner Vasconcelos, coordenador do curso. “Além de vias de transmissão, as redes diferem de outras mídias por serem também espaços de produção de conteúdo, o que pode facilitar nosso diálogo com a sociedade.”

A pós é estruturada em módulos como Fundamentos e Políticas de Saúde; Fundamentos da Comunicação em Saúde; Saúde e Mídias e Territórios da Comunicação em Saúde. Um deles é dedicado à divulgação científica para além do universo acadêmico, com o intuito de fazer chegar à população um conhecimento produzido com rigor.

“Em muitos casos, uma instituição elabora um estudo e o divulga em espaços científicos, por meio de artigos, seminários, congressos e outros ambientes herméticos da ciência”, explica Vasconcelos. “Nosso objetivo é mostrar como as pesquisas podem chegar à sociedade em formatos diferentes dos convencionais. Isso não é podar os resultados de um estudo, mas sim torná-los mais assimiláveis para a população.”

Pandemia faz surgir pós-graduação ‘sob medida’

As peculiaridades da covid 19 – com sequelas de longo prazo e possível necessidade de imunização periódica – fizeram surgir novos grupos de pesquisa e propostas de cursos de pós-graduação. Em Porto Alegre, surgiu a pós-graduação em Fisioterapia Hospitalar e Terapia Intensiva Adulto, Pediátrico e Neonatal da Faculdade Moinhos de Vento, com disciplinas como Suporte Ventilatório e Fisioterapia em Situações Especiais e Paciente Crítico. “O aluno que concluir nosso curso fica apto para reabilitar o paciente contaminado, quer seja alguém oriundo de casos graves ou mais leves”, afirma o coordenador do curso, Leonardo Correa Garcia.

Na Unyleia, o curso de pós-graduação em Imunologia e Serviços de Vacinação é oferecido no formato a distância. “Nossas formações tiveram aumento na procura de 30% com a pandemia”, diz o coordenador, Luiz Henrique Horta Hargreaves. Em um combate ao cenário de negacionismo, o curso estimula o desenvolvimento de pesquisa, para estimular a autonomia intelectual e espírito investigativo. “Nas discussões e atividades em sala de aula, não há espaço para debates que não estejam pautados na literatura internacional especializada e na adoção das medidas de prevenção. Em todas as nossas disciplinas, sempre ressaltamos os riscos do uso de informações que não sejam de fontes confiáveis.”

Estadão Conteúdo

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