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Brasil

COP30 alerta para risco de colapso da amazônia e pede ‘freios de emergência’

O documento ainda destaca a necessidade de ampliação do financiamento climático, ponto que vem travando as negociações nas últimas COPs

Redação Jornal de Brasília

08/11/2025 12h31

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Tânia Rêgo/Agência Brasil

JOÃO GABRIEL
BELÉM, PA (FOLHAPRESS)

Na nona de suas cartas, a presidência da COP30, a conferência sobre mudança climática da ONU (Organização das Nações Unidas), alerta que a floresta amazônica está próxima do ponto de colapso e pede que o mundo invista em soluções para evitar que a Terra chegue neste ponto de inflexão.

O documento foi publicado neste sábado (8), e faz um retrato da urgência de que a mobilização aumente em torno do combate ao aquecimento global. O evento começa nesta segunda-feira (10).

No texto, o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da conferência, alerta para o fato de que o mundo já convive com o 1,5°C de temperatura acima da era pré-industrial, patamar considerado por cientistas como o limite antes de um colapso.

Por isso, faz um apelo para que os investimentos sejam intensificados e concentrados, e afirma que “múltiplos pontos de inflexão podem desencadear transformações em cadeia e que se reforçam mutuamente”.

“Embora a janela de oportunidade esteja se estreitando, manter vivo objetivo de 1,5 °C ainda é possível — desde que a cooperação internacional seja direcionada para catalisar círculos virtuosos de transformação acelerada”, afirma.

Correa do Lago também celebra a contribuição de países no debate climático até aqui e ressalta que, pela primeira vez na história, as emissões de gases de efeito estufa do mundo estão caindo, não subindo.

Isso, diz, é resultado do Acordo de Paris —compromisso de descarbonização dos países, mas que nunca foi totalmente cumprido pelos seus signatários.

“Devemos mobilizar as cinco dimensões da ação climática —mitigação, adaptação, financiamento, tecnologia e capacitação— orientados pelo Cruzeiro do Sul, nossa bússola de cooperação e equidade”, afirma ele, sobre a COP30.

O documento ainda destaca a necessidade de ampliação do financiamento climático, ponto que vem travando as negociações nas últimas COPs, sobretudo em razão da resistência dos países ricos em atender à demanda dos em desenvolvimento.

Mas ressalta o chamado “roadmap”, análise elaborada por Brasil e Azerbaijão (sede da COP29) que propõe uma série de novidades financeiras e mostra formas para o mundo conseguir mobilizar a cifra de US$ 1,3 trilhão.

Neste caminho, estão alternativas como taxação de fortunas, jatinhos, artigos militares e de moda luxuosa.

Na carta, Lago ainda lembra o Pix, forma de pagamento criada pelo Brasil que, em sua visão, pode ser replicada para soluções climáticas.

Finalmente, ele ressalta a urgência de se reduzir a trajetória de aumento da temperatura da Terra. Diz também que o fato de a COP30 acontecer em Belém, em meio à amazônia, deve servir para mobilizar esforços para o colapso deste bioma.

“A floresta não é uma fronteira distante, mas sim um centro vivo do sistema climático global, o coração pulsante dos ciclos hidrológicos e uma guardiã do equilíbrio de carbono do mundo. Se a amazônia ultrapassar seu ponto de não retorno, o planeta lutará para recuperar o equilíbrio.”, afirma.

Finalmente, defende o combate ao desmatamento e a redução de emissões não só de CO2, mas também do metano, como melhores formas, neste momento, de se evitar este colapso.

“A redução do metano e a restauração de florestas e ecossistemas representam medidas de ação rápida e de grande impacto. Elas são capazes de atuar como freios de emergência acionados pela humanidade – desacelerando o aquecimento global na década crítica que temos pela frente, mantendo 1,5 °C ao nosso alcance e protegendo os mais vulneráveis”, completa.

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