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Brasil

‘Chip da beleza’: Anvisa proíbe propaganda de produtos com gestrinona ao público geral

Difundido nos últimos anos, o chamado “chip da beleza” libera continuamente esse esteroide, gestrinona, com ações anabolizantes

Redação Jornal de Brasília

27/12/2021 10h56

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Agência considera que produtos com a substância são um “risco à saúde pública”; implante de hormônio é anunciado para emagrecer e ganhar massa muscular

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu neste mês a propaganda da gestrinona e de produtos que contêm essa substância para o público e disse que esses itens são um “risco à saúde pública”. Difundido nos últimos anos, o chamado “chip da beleza” libera continuamente esse esteroide com ações anabolizantes.

Do tamanho de um palito de fósforo, o dispositivo de silicone é implantado no corpo para liberar continuamente hormônios,como a gestrinona, esteroide com ações anabolizantes. A promessa é que, com os efeitos androgênicos da substância, ocorra emagrecimento, ganho de massa muscular e aumento na disposição física. Costuma-se omitir nos anúncios, porém, que ele não tem registro da Anvisa e pode causar efeitos colaterais, como desníveis de colesterol, problemas no coração e no fígado, entre outros.

Na Resoluçãoº 4.768, de 22 de dezembro, a agência argumenta que a divulgação da substância fere regras que restringem propaganda de produtos com necessidade de prescrição e manipulados a médicos, cirurgiões-dentistas e farmacêuticos. Por isso, adotou a medida preventiva.

Em resposta a ofício da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), a Anvisa reforçou que “não há medicamentos contendo o insumo farmacêutico ativo gestrinona com registro sanitário válido no Brasil”. Destacou ainda que “tampouco constam em seu banco de dados pedidos de registro aguardando análise ou em avaliação pela área técnica”.

“Em outras palavras, não é possível alegar que esses produtos são eficazes e seguros, o que representa, per se, um risco à saúde pública”, diz a nota técnica da agência.

No início de novembro, a Sbem divulgou posicionamento contrário ao implante de gestrinona – que foi enviado à Anvisa, ao Conselho Federal de Medicina (CFM) e à Associação Médica Brasileira (AMB). O documento destacou que ” a gestrinona têm sido usada erroneamente por mulheres na busca de melhora da performance física e estética”.

“No Brasil, a utilização de implantes hormonais utilizando esteroides sexuais e seus derivados aumenta de forma avassaladora. Por serem apresentações customizáveis, existe um real risco de superdosagem e de subdosagem”, diz o texto.

Em entrevista ao Estadão, presidente do Departamento de Endocrinologia Feminina, Andrologia e Transgeneridade da SBEM, Alexandre Hohl, um dos signatários do posicionamento, explicou que, em um primeiro momento, o dispositivo com gestrinona era injetado no corpo sob a justificativa de tratar a endometriose, distúrbio ligado ao crescimento de tecidos do útero.

De uns cinco anos para cá, porém, percebeu-se que o uso do dispositivo para fins estéticos e a combinação com outros tipos de hormônios passou a se intensificar. O nome “chip da beleza” veio no meio desse processo.

“Quando se viu, estavam colocando todo tipo de anabolizante nos chips, principalmente com a justificativa de aumentar massa magra e diminuir massa gorda. Mas não há indicação médica para benefício estético”, contou Hohl à época. “Pode dar acne, problemas no fígado, no coração, na mama, aumentar colesterol e gerar uma série de outros efeitos.”

Estadão Conteúdo

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