Maior distribuidor de produtos agrícolas do País, a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) desde outubro deixou de ter controle próprio sobre a quantidade de pesticidas presentes nas verduras e legumes que passam pelo local. O centro de armazenagem alega que não tem recursos para fazer a análise de resíduos de agrotóxicos após o fim do subsídio do Ministério da Agricultura, há nove meses.
Com a opção de fazer o controle diretamente entre os produtores, em diversas partes do País, o governo limitou o pagamento de análises laboratoriais de 410 amostras anuais para 230. “Consideramos que não seria uma avaliação representativa e optamos por não fazer”, afirma Ossir Gorenstein, responsável pelo Centro de Qualidade Hortigranjeira da Ceagesp. “Hoje, é inviável o pagamento com recursos próprios, pois há outras prioridades. Cada amostra custa entre R$ 500 e R$ 600.”
Segundo Gorenstein, o risco maior está na saúde dos agricultores, que lidam diretamente com os produtos químicos em alta dosagem. “Temos programas de incentivo à produção sem agrotóxicos, mas é importante haver nosso próprio banco de dados. Hoje, não sabemos o estado do uso de pesticidas dos produtos que chegam à Ceagesp.”
Fábio Florêncio, coordenador-geral de qualidade vegetal do ministério, afirma que a decisão de expandir a análise ocorreu por causa da falta de rastreabilidade dos produtos que entravam na Ceagesp. “Mesmo com as notas fiscais, tínhamos problemas para identificar a origem dos produtos. Optamos por fazer o trabalho mais focado no produtor e, por isso, a Ceagesp teria um número de amostras mais reduzido”, explica. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.