GÉSSICA BRANDINO E LUCAS LACERDA
FOLHAPRESS
Pela primeira vez neste século, casais que vivem juntos e têm filhos representam menos de 50% do total de famílias brasileiras, mostram dados do Censo Demográfico 2022 divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira (5). Enquanto esse grupo diminuiu, o total de casais sem filhos chegou a 24%.
O percentual considera a soma dos casais com filhos, que eram 42% do total de famílias em 2022, com os casais com filhos e parentes vivendo na mesma casa (3,4%). O levantamento considera as pessoas com 10 ou mais anos de idade e exclui da conta a população residente em terras indígenas.
Ao todo, foram mapeadas 72,3 milhões de unidades domésticas no recenseamento de 2022. Desse total, 13,6 milhões disseram viver sozinhas -são as chamadas unidades unipessoais. Já 58 milhões eram ocupadas por duas ou mais pessoas com algum tipo de parentesco. Já as famílias eram 61,2 milhões no país.
A parcela de famílias compostas por casais com filhos, de 42%, teve queda de 7,4 pontos percentuais em relação ao último levantamento de 2010. Em comparação com o ano 2000, quando a proporção era de 56,4%, a redução chega a 14,4 pontos percentuais.
Já os núcleos familiares de casais com filhos e com parentes eram 3,4% em 2022, ante 5,5% em 2010 e 7,2% em 2000.
O Sudeste é a região do país com o menor percentual de casais com filhos (41,6%), enquanto o Centro-Oeste registra o maior (44%).
O total de casais sem filhos, por outro lado, cresceu 6,4 pontos percentuais em comparação a 2010 (17,7%) e 11,1 pontos em comparação ao ano 2000, quando era de 13%. O maior percentual aparece na região Sul (28,9%), o que pode ser associado ao fato de região ter a maior representação desse grupo com idade acima de 60 anos (39,3%). O menor percentual aparece no Norte, com 18,6%.
Também houve aumento no número de lares com mulheres sem cônjuge que vivem com filhos, as chamadas mães solo, chegando a 13,5% ante 12,2% em 2010. A representação de lares com mulheres sem cônjuge com filhos e com parentes teve leve queda, 3,8% ante 4% em 2010.
As mães solo são o grupo mais representativo entre as famílias conviventes secundárias, ou seja, que vivem no mesmo lar de outra família principal. O percentual de mulheres sem cônjuge e com filhos é de 47,4% a nível nacional, chegando a 51,4% no Nordeste, enquanto no Sul fica em 38,4%.
A divulgação desta quarta também mostra que as mulheres são responsáveis por 48,8% das famílias no Brasil. Essa proporção mais que dobrou em relação aos 22,2% verificados no ano 2000.
O aumento também foi registrado em lares com a presença de cônjuge. Nesse cenário, o percentual de mulheres responsáveis pela família ficou em 55,8%, ante 19,5% no ano 2000.
O aumento de lares chefiados por mulheres já foi demonstrado em outra divulgação do Censo sobre o tema e pode estar relacionado à redução de fecundidade, à maior inserção feminina no mercado de trabalho e à independência econômica dessa parcela da população, apesar das desigualdades de renda ainda existentes.
O Censo mostra ainda que os lares com apenas um morador, chamados de unipessoais, representavam 19,1% das unidades domésticas em 2022, ante 12,2% em 2010 . Em números absolutos, foram 13.620.844 registrados pelo IBGE durante o recenseamento. Em 2010, eram 6.938.023.
O percentual de lares com um único morador está acima do da Argentina (16,2%) e do México (12,4%). Na Finlândia, 45% das unidades domésticas tem apenas um morador.