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Brasil

Campanha distribui gratuitamente máscaras com sorrisos em comunidades carentes e hospitais

Até o momento, foram entregues três mil máscaras para 19 instituições do Ceará, Brasília, São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro

Redação Jornal de Brasília

28/05/2020 16h04

MASCARA CORONAVIRUS

Uso de máscara é obrigatório no DF. Foto: Divulgação

“Contra os efeitos da pandemia, sorrir é um grande remédio”. É com essa reflexão que a agência Remix Promo Criativa, de Curitiba, está distribuindo gratuitamente, em diferentes regiões do Brasil, máscaras de pano com sorrisos estampados. A ação, chamada Contagiando Sorrisos, tem o objetivo de levar às pessoas um pouco de leveza em meio à crise, destinando as doações aos lugares mais afetados pelo novo coronavírus, como comunidades pobres e hospitais.

Segundo o produtor e idealizador da campanha, Conrado da Luz, as máscaras customizadas resgatam a expressão facial ofuscada pelo uso dos itens de proteção. “Quando usamos as convencionais, não dá para ver um sorrisão. É sempre olho no olho. Então nosso objetivo é que mesmo que a pessoa esteja séria, brava ou preocupada, continue passando uma energia boa num momento tão difícil”, afirma. “Máscaras remetem a pessoas doentes, trazem uma sensação negativa. Quando colocamos algo positivo nelas, ressignificamos o contato interpessoal”, completa.

Até o momento, foram entregues três mil máscaras para 19 instituições do Ceará, Brasília, São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro. Dentre elas estão o conselho tutelar da Comunidade Vidigal, na capital fluminense, e a Funai de Curitiba, que distribuiu o material para indígenas das aldeias Araçaí e Tupã Nhe’é-Deuses. Organizações da favela da Rocinha e de Paquetá, ambas no Rio, também estão na lista.

Em breve, serão enviadas outras duas mil máscaras para entidades de todo o Brasil. Desse total, 700 vão para catadores de materiais recicláveis cadastrados na ONG Pimp My Carroça, sediada em São Paulo.

“A aceitação do projeto aqui no Vidigal está sendo incrível, muita gente está vindo buscar”, diz a moradora e produtora de teatro Nana Martins, responsável pela distribuição. “A criançada e os adultos estão adorando ter um sorriso estampado no rosto em vez de ficar com aquela aparência que lembra doença”, completa.

Ela relata que a campanha está estimulando a vizinhança a usar o item de proteção quando precisa sair de casa, pois denota alegria e chama a atenção de quem está acostumado com as máscaras brancas. “Isso estimula a responsabilidade pela saúde [pública]. Estratégias criativas são necessárias, pois o uso será obrigatório para todos por um bom tempo. É interessante que as pessoas abracem a luta contra a covid-19 com leveza.”

Os valores de modelos personalizados de pano nem sempre são acessíveis para pessoas mais pobres. Em uma pesquisa em lojas virtuais, o Estadão constatou que os preços costumam variar de R$ 10 a R$ 30 por unidade, o que reforça a importância de dar acesso a esse padrão de qualidade para grupos de baixa renda.

O projeto conta com a participação de diversos artistas, como Ziraldo, criador do Menino Maluquinho, e a cartunista Laerte Coutinho. Conhecida por suas tirinhas com críticas políticas e sociais, Laerte acredita que, diante das fake news e medidas contrárias ao isolamento social promovidas pelo governo Bolsonaro, uma das funções de quem produz arte é se posicionar, o que inclui exercitar o lúdico com máscaras customizadas.

“Fazer do uso desse item uma brincadeira ajuda as pessoas a passarem pelo momento difícil. A literatura, o desenho e o humor engajam em diferentes níveis, desde posicionamentos contra o governo até o exercício do senso lúdico”, analisa.

A campanha Contagiando Sorrisos conta também com a participação de Paulo Auma, Solda, Flávio Aquino, André Mendes, Emerson Persona, Paixão, Washington Silveira, Hugo Mendes, André Rigatti, André Brik, César Marquesini, Iara Teixeira, André Coelho, Lui Zuccherelli de Paula, Daniel Mustafa, Pierre Lapalu e Canale.

Segundo Conrado, a diversidade de profissionais visa impulsionar a economia criativa e dar visibilidade a artistas que não estão nos holofotes. O objetivo é doar 100 mil máscaras e convidar cerca de 500 profissionais (desenhistas, pintores, designers e outros) de diversas regiões, culturas e estilos para customizá-las.

“Por onde as pessoas andarem, quero que elas vejam uma obra, uma exposição e o traço de um artista diferente nas máscaras. A pandemia também é um espaço de arte. Lá na frente, isso pode rodar o mundo… compor uma exposição de como a sociedade de hoje se reinventou para passar por este momento tão tenso.”

Estadão Conteúdo

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