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Brasil

Caminhoneiros protestam contra fase vermelha em SP

Dezenas de caminhões fizeram uma fila na marginal Tietê, uma das principais vias de tráfego da capital paulista

Redação Jornal de Brasília

05/03/2021 13h49

PAULA SOPRANA E DANILO VERPA
SÃO PAULO, SP

Caminhoneiros realizaram na manhã desta sexta-feira (5) um protesto contra as medidas de restrição contra o coronavírus adotadas pelo governo de São Paulo. O estado entra na fase vermelha no sábado (6). Eles também reclamam do valor do ICMS (imposto estadual) sobre combustíveis.

Dezenas de caminhões fizeram uma fila na marginal Tietê, uma das principais vias de tráfego da capital paulista, no sentido da Rodovia Ayrton Senna. Por volta das 11h, a via voltou a ser normalizada.

Alguns caminhões se dirigiram para o terminal da Petrobras em Barueri. Eles tinham bandeiras do Brasil e mensagens de protesto contra o ICMS. Muitos não utilizavam máscara.

A manifestação não faz parte de uma articulação nacional pró-paralisação, como ocorreu em 2018.

O protesto é visto por alguns caminhoneiros que participaram de outros atos como uma manifestação de bolsonaristas contra o governador João Doria (PSDB-SP). Durante a pandemia, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se opôs diversas às medidas de fechamento comercial.

Na quinta (4), ele voltou a criticar o isolamento e relacionou a reação à pandemia a frescuras e “mimimi”, quando a crise atinge seu pior momento no país.

Segundo caminhoneiros, o ato não está ligado à associações ou sindicatos, e foi organizado pela internet.

“Somos caminhoneiros autônomos que não concordam com essa situação de ICMS altíssimo em São Paulo, de 13% foi a 34%”, diz Claudinei Habacuque.

“Só de mercadinho aí foram 13 mil fechando. Onde entrega? Obra parada. Como vai fazer? Não adianta dizer que caminhoneiro está trabalhando, ninguém está. O governador é arbitrário ao decretar fase vermelha, sendo que a gente precisa de trabalho”, afirma, acrescentando que “Doria vai na contramão ao impor lockdown” e que a “medida não deu certo em outros países”.

Por enquanto, não há manifestação programada para os próximos dias.
Outro caminhoneiro ouvido pela reportagem defendeu cloroquina, ivermectina e elogiou a retirada de Roberto Castello Branco por Bolsonaro do comando da Petrobras.

“A realidade é uma só: vivemos situação muito complicada com aumento de imposto em São Paulo, especialmente ICMS, em todos os segmentos”, afirmou Flavio Zamichi, caminhoneiro urbano.

“Nossa briga é o PPI (preço de paridade de importação0 praticado pela Petrobras. Já conseguimos que o presidente tirasse aquele presidente, que era um alienígena dentro da Petrobras, que corrige combustível a preço de dólar. Ele não é brasileiro, está a serviço de cartel de investidores internacionais.

Para o caminhoneiro Marcos Souza, do interior de São Paulo e que não aderiu ao ato, a categoria articulada não está envolvida na manifestação desta sexta e “o debate está polarizado e bem político”.

Ele considera difícil que haja um movimento nacional pela paralisação porque o agronegócio está no pico da safra, “o que seria completamente impossível” devido às cargas de grãos a serem carregadas.

“A manifestação só diz respeito à bandeira vermelha do Doria e ao ICMS do estado, que é muito alto. Os autônomos continuam transportando durante a pandemia. Até acho que deveria ocorrer uma manifestação pesada sobre o absurdo do ICMS que é cobrado em São Paulo, mas não existe movimento nacional para isso agora”, diz Claudinei Pelegrini, presidente-executivo na Fecam-SP (Federação dos Caminhoneiros Autônomos de São Paulo).

Na fase vermelha, apenas os serviços essenciais estão permitidos, e com limites. A medida valerá até o dia 19 de março para tentar barrar a evolução da curva de infecções, óbitos e internações pelo coronavírus.
Wallace Landim, o Chorão, que foi um dos líderes da categoria em 2018, também afirma que o contexto do protesto em São Paulo é descolado de uma organização mais ampla em outros estados.

As informações são da FolhaPress

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