O livro havia sido anunciado em meados de agosto com o título: “Lewis Hamilton: The King of World” (“Lewis Hamilton, o Rei do Mundo”). Durante a pré-venda, alguns sites, em um exercício de adivinhação, publicaram uma sinopse que dizia que o britânico sagraria-se campeão no GP do Japão.
Vale lembrar, entretanto, que Hamilton não aproveitou a condição de favorito nas duas últimas corridas do ano (China e Brasil) e acabou perdendo o título para Kimi Raikkonen da Ferrari.
A atitude de Hamilton foi criticada pelo escocês David Coulthard, segundo piloto mais velho a se alinhar no grid. “Eu disse a Hamilton que fiquei surpreso com isso, porque o Ron Dennis nunca gostou de pilotos fazendo livros quando eu estava lá”, contou o veterano.
“Mas ele respondeu: “Sim, mas Dennis não está me pagando o suficiente. Eu preciso ganhar dinheiro de alguma forma “”, continuou o piloto da Red Bull. “Quando eu comecei na Fórmula 1, estava feliz simplesmente por correr lá. Dinheiro nunca entrou nesta conta”, emendou.
Leia trechos do livro:
Primeiros testes
Estava tão feliz de ter provado que muitas pessoas estavam erradas, as pessoas que esperavam que eu fosse mais lento que o Fernando [Alonso]. Até quando me igualei a ele na pré-temporada, diziam: “Isto é teste, não fique surpreso se você ficar meio segundo atrás dele na primeira corrida”. A vitória mostrou que eu podia ganhar corridas, não só o Fernando.
Encontro com Alonso
A primeira vez que me encontrei com o Fernando foi em 2006. Estava jantando com meu pai no hotel em Istambul, e ele estava indo para a mesa dele. Quando passou, disse: “Oi, eu sou o Fernando”. Ele era campeão do mundo, lutava pelo segundo título. Fiquei feliz de encontrá-lo, pois ele era um grande piloto. Fiquei surpreso por ter me cumprimentado.
Aproximação com o parceiro
Em janeiro, há uma semana de treinos físicos que a McLaren trabalhou muito para dar certo. Fomos para a Finlândia, e foi legal. Todos foram, eu, o Pedro de la Rosa, os mecânicos, os engenheiros –todos menos Fernando. Ele deveria ir, mas não foi e acabou não se aproximando do time. Acho que o respeito que eu tinha por eles e o que eles tinham por mim aumentou. Achei que o Fernando estaria lá para me mostrar como fazer, mas foi bem o oposto.
O Ron Dennis insistia para eu ajudar o Fernando a se sentir em casa. Ele é muito quieto. Você diz “Oi”, ele responde “Olá” e é isso. Então, comecei a ir ao quarto dele jogar videogame para construir uma ligação.
Desobediência na Hungria
Ron me pediu algumas vezes durante a classificação para deixar o Fernando passar. Mas pensei: “Onde está ele? Não vou diminuir o ritmo se ele não pode me alcançar”. Percebi que o Ron estava bravo, mas pensei: “Bom, o Fernando está milhas atrás”. Então fiquei ali. No último pit stop, entrei nos boxes e achei que o Fernando estava fazendo algo estranho. Podia ver ele olhando nos espelhos.
Tentativa de acordo
Depois da Hungria, liguei para ele e disse: “A gente precisa se encontrar?”. Achei que deveria tomar a iniciativa. “Não tenho problemas com você, mas vamos resolver isso”. Ele concordou, mas estava muito ocupado na Espanha. Nos encontramos na Turquia, no mesmo hotel em que o conheci. Fomos ao quarto dele. Conversamos e apertamos as mãos. Mas nada mudou abaixo da superfície.