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Brasil

Amigo diz que homem preso atropelou Tainara de propósito após vê-la conversar com outro homem

Amigo que estava no carro acusa Douglas Alves de agir por ciúme

Redação Jornal de Brasília

03/12/2025 13h52

Foto: Reprodução

Foto: Reprodução

FRANCISCO LIMA NETO E PAULO EDUARDO DIAS
FOLHAPRESS

Um jovem de 19 anos, amigo de Douglas Alves da Silva, 26, preso sob suspeita de atropelar e arrastar por 1 km Tainara Souza Santos, 31, diz que o investigado atacou a vítima de propósito após ter ficado enfurecido por vê-la conversar com outro homem em um bar.

Kauan Silva Bezerra estava dentro do carro no momento do atropelamento e foi testemunha do crime. Segundo ele, Tainara havia terminado o relacionamento com Douglas havia pouco tempo.

O jovem diz que conhece o preso há quatro anos e que, em 29 de novembro, dia do crime, foram até um bar na rua Tenente Amaro Felicissímo da Silveira, na Vila Maria. Na ocasião, Douglas ficou enfurecido ao encontrar Tainara conversando com outro homem. Essas informações foram prestadas em depoimento no 73° DP (Jaçanã).

Ainda segundo essa testemunha, Douglas discutiu com Tainara e com o rapaz que a acompanhava. Em seguida, o suspeito chamou o amigo para ir embora.

Kauan contou que entraram no carro, um Golf Preto, mas, em vez de irem embora, Douglas deu uma volta, contornando o rio, e, do nada, começou a acelerar o carro. A testemunha descreveu, então, o momento em que o amigo disparou com o veículo em direção a Tainara, sem que houvesse tempo para qualquer reação.

O carona também relatou que, no momento em que Tainara estava presa embaixo do carro, Douglas puxou o freio de mão e ficou acelerando “para tentar mata-la”. Kauan afirma, ainda, que fez de tudo para impedir o amigo, mas não conseguiu, pois ele estava “transtornado”.

O suspeito, então, soltou o freio de mão e arrancou com o veículo.

Kauan diz que, alguns metros a frente, percebeu que algo ainda estava preso embaixo do carro. Era Tainara. Ele contou que brigou e gritou com Douglas, porque queria descer do veículo. Quando, enfim, o amigo parou o carro, já na marginal Tietê, Kauan desceu e viu a vítima caída no chão.

A testemunha afirmou que em nenhum momento concordou ou incentivou a conduta de Douglas.

Douglas arrastou o corpo de Tainara por cerca de um quilômetro. Após o atropelamento, ela teve as duas pernas amputadas e segue internada em estado grave.

Em depoimento nesta segunda-feira (1º), Douglas declarou que não conhecia Tainara nem seu acompanhante.

O advogado que representa a vítima relatou à Folha que os dois já ficaram algumas vezes, mas a relação não evoluiu para algo sério.

Recorde de feminicídio

Em 2025, o número de feminicídios na capital paulista chegou a 53 casos, o maior da série histórica —o recorde acontece mesmo com dois meses ainda para terminar o ano. Em 2024, foram 51 casos de feminicídio de janeiro a dezembro, até então o maior número já registrado.

De acordo com um levantamento do Instituto Sou da Paz, a capital paulista foi o cenário de 1 a cada 4 feminicídios consumados no estado. Na comparação dos dez primeiros meses de 2025 com o mesmo período do ano passado, a alta é de 23% na cidade. Em relação a 2023, o crescimento foi de 71%.

Os dados reforçam a tendência histórica da violência contra a mulher: a maioria dos casos ocorre dentro de casa (67%) e as vítimas são assassinadas com armas brancas ou objetos contundentes —instrumentos usados em mais da metade dos crimes no estado.

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