William Cardoso
São Paulo, SP
Se foliões têm planilha informal com os blocos que estão fazendo a festa na capital paulista, ambulantes também não ficam atrás na hora de descobrir um bom lugar para encostar o carrinho cheio de bebidas.
Os grupos de WhatsApp bombam com troca de informações sobre os blocos que caíram no gosto do povo -e que estão secos por uma cervejinha gelada. Na falta de programação oficial, a solidariedade é fundamental.
“A gente nunca vem na certeza. Sai procurando”, diz o ambulante Rafael Lima de Oliveira, 32. Já na rua, entra em ação o espírito de colaboração entre eles, maior do que a concorrência. “A gente se comunica bastante”, afirma.
Oliveira investiu R$ 2.000 em bebidas, que ganham gelo só no caminho entre a zona leste, onde mora, e o centro expandido, cenário do Carnaval. Nesta quinta-feira (21), ele parou na rua Barra Funda, onde foliões se reuniram no Bloco do Amor.
A camareira Rosenilda Rosa, 49, aproveita o Carnaval para complementar a renda. Ela soube por grupo de família no WhatsApp que o Bloco do Amor tinha gente suficiente para compensar a viagem de metrô desde a zona leste. “A gente tem que se virar. Fiquei desempregada durante um tempo”, disse.
Rosenilda diz que o Grupo dos Marretas, no WhatsApp, tem mais de cem participantes e anda meio tímido nesse período. É por lá que todos se ajudam na luta pelo sustento, indicando bons lugares para parar.
“Ligo para uns três, quatro e já fico sabendo. Hoje, andei bastante até chegar aqui”, disse João Filho Gama, 52. Experiente, faz 30 anos que trabalha na “marreta”. Para ele, a Festa do Peão de Barretos é imbatível. “Já vendi R$ 2.000 em uma noite, numa saída”, conta.