Pedro Marra
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O alerta sobre o derramamento de óleo no mar próximo ao Nordeste foi feito pela empresa brasiliense Hex Tecnologias Geoespaciais. A companhia forneceu à Polícia Federal um estudo com imagens de monitoramento do mar por satélite. Segundo a pesquisa, entre 28 e 29 de julho, cerca de 700km do litoral brasileiro foi atingido pelo vazamento de petróleo, partindo do Rio Grande do norte (RN).
As informações contidas no laudo técnico da Hex foram acrescentadas ao relatório do juiz federal Francisco Eduardo Guimarães Farias, da 14ª Vara Federal em Natal (RN). O parecer da PF indica que o navio mercante Bouboulina, de bandeira grega e vinculado a empresa Delta Tankers, seria o responsável por derramar o petróleo que se alastrou pela costa nordestina.
A dificuldade foi muito grande devido a disponibilidade de satélites na região. As imagens disponíveis vão escasseando. Fomos empregando diversos tipos de imagens de satélites diferentes.
No total, foram requisitados 829 imagens de satélites em conjunto com satélites norte-americanos da NASA e da Agência Espacial Europeia.

“Começamos a fazer o cruzamento de eventuais embarcações que a rota teria interceptado a mancha naquela data. A produção foi um exercício dia a dia para o passado, até que nós separamos com a origem dessa mancha no mar. Foi então que conseguimos achar uma determinada embarcação. Nós encerramos nosso trabalho quando o navio chegou a África do Sul”, explica Barros.
A empresa fez contato com a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que orientou a Hex a destinar todo o resultado sobre o trabalho para a Polícia Federal. “Investimos num processador digital de imagens e concluímos o relatório em seis dias úteis, entregando no dia 25 de outubro a PF.
Para o cruzamento desses dados foi utilizada a tecnologia OCEAN FINDER da AIRBUS, que permite a identificação de embarcações, com as suas respectivas informações, e a determinação de sua rota. Esses dados foram obtidos através da parceria da HEX com a AIRBUS.
Se em algum momento o governo quiser contratar a Hex para trabalhar no controle do despejo de óleo na costa nordestina, Leonardo afirma que a empresa estará disponível. “É plenamente viável. Mas teremos que organizar os custos desse serviço junto aos órgãos federais”, adianta.
Investigadores da PF pediram à Justiça que determinasse busca e apreensão em duas empresas: Lachmann Agência Marítima, na qual é agente da Delta Tankers no Brasil; e a Witt O Brien’s. Ambas estão localizadas no Rio de Janeiro.
O navio
A embarcação foi construída em 2006, com nome em homenagem a Laskarina Bouboulina, heroína da Guerra da Independência Grega. O navio-tanque tem 276m de comprimento, com possibilidade de carregar até 164 mil toneladas de capacidade total.
O porto de origem do navio fica na cidade de Pireu, vizinha a Atenas. Sites especializados em rotas navais mostram que ele teria aportado na Cidade do Cabo, na África do Sul, vindo do Norte, e atualmente estaria seguindo rumo ao Sul, no sentido do Cabo da Boa Esperança. No entanto, a PF informou mais tarde que o navio estaria ancorado em um porto da Nigéria.
Por ano, a Hex acompanha mais de 40 milhões de km², ao usar imagens de sensores orbitais ópticos e de radar, embarcados em satélites. O objetivo da empresa é ter alcance ainda maior. Por meio de um processador digital, a tecnologia processa as imagens de satélites e identifica alvos de maneira automatizada.