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Brasil

Acesso à internet no campo cresce na pandemia e chega a 71% das casas

A amostra da TIC Domicílios 2021 é 23.950 casas e 21.011 pessoas, entrevistadas de forma presencial entre outubro de 2021 e março de 2022

FolhaPress

21/06/2022 14h55

Foto: Agência Brasil

Gustavo Soares
São Paulo, SP

O acesso à internet em domicílios rurais cresceu durante a pandemia. O índice passou de 51% das casas, em 2019, para 71%, em 2021. Nas cidades, o aumento foi menor, de 8 pontos percentuais, de 75% para 83%, segundo a pesquisa TIC Domicílios 2021, divulgada nesta terça-feira (21) pelo Cetic.br.

Ao todo, 82% dos domicílios acessam a internet no Brasil. Em 2019, antes da digitalização promovida pelas medidas de isolamento social, o índice era 71%. Apesar disso, a desigualdade digital permanece no Brasil.

No campo, conexões por fibra óptica ou cabo -mais estáveis e com maior velocidade-, estão presentes em 39% dos domicílios, ante patamar de 64% nas cidades.

“Mesmo com o crescimento de 20 pontos percentuais na proporção de domicílios com acesso à internet nas áreas rurais, ainda restam 29% desses domicílios sem acesso, contra 17% nas áreas urbanas”, diz Fabio Storino, coordenador da pesquisa.

Devido à Covid-19, a TIC Domicílios do ano passado foi realizada com uma metodologia adaptada, com entrevistas pela internet. Por isso, os pesquisadores recomendam que a base de comparação seja 2019, para melhor visualização dos resultados.

Para Storino, o crescimento expressivo da conectividade na área rural durante a pandemia ocorreu por uma confluência de oferta e demanda. Enquanto a crise sanitária exigiu a conexão para realizar diversas atividades, houve também um esforço dos atores públicos e privados para que isso acontecesse, avalia.

“A pesquisa TIC Provedores 2020, por exemplo, já mostrava a ampliação da oferta de fibra óptica. Em 2020, cerca de 6,4 mil provedores oferecem essa tecnologia; em 2017, eram 2,4 mil”, explica Storino.

Mas a disparidade também é evidenciada pela forma com que os usuários acessam a internet. Dominante em todas as classes sociais, o acesso exclusivo pelo celular é motivo de preocupação. Enquanto 32% dos usuários da classe A usam somente o dispositivo móvel para acessar a internet, o número é 89% para a classe D/E.

“Há um crescente corpo de evidências que apontam para um menor desenvolvimento de habilidades digitais entre aqueles que fazem uso exclusivo de celular em comparação àqueles que usam a internet de múltiplos dispositivos”, disse o coordenador.

A qualidade da experiência do usuário com a web está relacionada ao dispositivo usado, pois trabalhar com planilhas, escrever textos e criar apresentações em um computador é muito mais produtivo do que em um smartphone.

Enquanto o celular é a principal forma de acesso em todas as classes, o uso pelo computador é restrito a 22% da classe D/E, frente a 93% da A/B. De 2019 para 2021, caiu a presença de computadores nos domicílios das classes B, C e D/E.

Ao todo, somente 36% dos usuários usam o computador para acessar a internet, taxa ultrapassada até pela televisão, que saiu de 37%, em 2019, para 50%, em 2021. Na classe A, 99% dos domicílios têm computador, enquanto na classe D/E o índice é de 10%. No campo, 20%.

Mesmo assim, a pandemia fez ampliar a conectividade entre os mais pobres. A pesquisa mostra que 61% dos domicílios de classe D/E acessaram a internet em 2021, ante 50% em 2019.

Em 2015, a diferença da conectividade entre domicílios da classe A e D/E era de 83 pontos percentuais. Em 2021, o número caiu para 39. Hoje, 138,8 milhões de brasileiros usam a internet todos os dias ou quase todos os dias.

A crise sanitária também mudou o comportamento dos usuários na web. As maiores diferenças em relação a 2019 são o aumento de chamadas de voz ou vídeo, transmissões ao vivo em tempo real e transações financeiras. Mas enquanto 90% da classe A comprou pela internet nos últimos meses, apenas 18% das classes D/E o fizeram.

Outro destaque foi o crescimento dos podcasts. Segundo a pesquisa, em 2021, 28% dos usuários ouviram esse tipo de conteúdo. Em 2019, essa proporção era de 13%. Isso representa um público de 41,2 milhões de pessoas, 23,5 milhões a mais que em 2019.

“Uma das possíveis razões para esse aumento é o crescimento da produção de conteúdo em português. A produção também se profissionalizou e se diversificou, atendendo a uma gama maior de gostos e interesses”, explica o coordenador.

A amostra da TIC Domicílios 2021 é 23.950 casas e 21.011 pessoas, entrevistadas de forma presencial entre outubro de 2021 e março de 2022.

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