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Brasil

‘A gente está só no arroz e feijão literalmente, no básico do básico’

O avanço do preço das carnes no açougue, que subiu, em média, mais de 20% nos últimos 12 meses, segundo o IPCA

Redação Jornal de Brasília

25/02/2021 17h17

A queda na renda provocada pela pandemia e a alta dos preços dos alimentos forçaram o brasileiro a fazer uma verdadeira ginástica na hora de ir às compras para conseguir manter as três refeições do dia. Reduzir as quantidades, trocar marcas caras pelas mais baratas e substituir a carne de primeira pela de segunda, pelo ovo e até pelos legumes têm sido as saídas para muitos.

“Contrafilé faz tempo que a gente não pega, estamos evitando ao máximo por causa desse preço absurdo”, conta o vendedor Gabriel Fregolente Micossi, de 22 anos. Ele trocou esse corte de primeira pelo miolo de acém, que é mais barato ou até mesmo por legumes ou algum congelado mais em conta.

O avanço do preço das carnes no açougue, que subiu, em média, mais de 20% nos últimos 12 meses, segundo o IPCA, reflete a disparada na cotação da arroba do boi gordo que bateu neste ano o recorde de R $300 no campo.

Juntos há dois anos, Micossi e a mulher, Brenda Lopes Castilho, de 20 anos, manicure, viram a renda encolher 30% com a pandemia. Ao mesmo tempo, essa escalada de preços dos alimentos fez o gasto do casal na despesa de supermercado dar um salto.

Antes da pandemia, eles desembolsavam cerca de R$ 600 por mês com as compras de alimentos e produtos de higiene e limpeza. Depois, a despesa subiu para R $1.100. E hoje gira em torno de R$ 2.400, mesmo evitando levar para casa itens supérfluos. “A gente está só no arroz e feijão literalmente, no básico do básico”, diz o vendedor.

Christine Aparecida Xavier, de 35 anos, jornalista autônoma, mãe de uma filha de 5 anos e que mora com os pais, adotou a mesma estratégia nesses tempos bicudos. Com a pandemia, ela teve dois contratos de trabalho cancelados , ficou sem renda e teve de recorrer ao auxílio emergencial. Para lidar com esse aperto no orçamento e os aumentos de preços, ela diminuiu a compra de supérfluos. “Assim garanto os itens básicos, essenciais”, conta.

Até pouco tempo atrás a família comprava três pacotes de arroz de cinco quilos por mês. “Eram R$ 75 no orçamento, ficava muito pesado”, diz. Agora leva para casa dois pacotes e compensa essa redução do cereal comprando um pouco mais de macarrão, que não subiu tanto de preço quanto o arroz.

No caso do leite, consumido apenas pela filha pequena, Christine não diminuiu as quantidades, mas pesquisa preços e leva para casa as marcas mais baratas. Também o óleo de soja, um dos vilões da inflação que quase dobrou de preço nos últimos 12 meses por causa da disparada da soja no mercado internacional, teve o seu consumo reduzido na casa de Christine. Ela explica que passou a usar com mais frequência a fritadeira elétrica comprada há algum tempo pela família. Com isso, resolveu dois problemas de uma só vez: economiza num item caro e mantém a alimentação saudável.

Estadão conteúdo

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