Faltando menos de dois meses para a COP30 no Brasil, as autoridades informaram nesta quarta-feira (17) que apenas 79 dos 198 países convidados reservaram hospedagem em Belém (PA), onde os altos preços complicaram a organização do evento.
Com 50 mil participantes esperados, a conferência climática das Nações Unidas será realizada entre 10 e 21 de novembro na capital paraense, questionada como sede por algumas delegações que consideram excessivos os valores de acomodação.
Após uma reunião virtual com o escritório da ONU para a conferência, a Secretaria Extraordinária para a COP30 da Casa Civil comunicou que “79 países já confirmaram hospedagem em Belém, […] enquanto outros 70 seguem em negociação”.
Em julho, um grupo de negociadores chegou a pedir ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva que transferisse, ao menos parcialmente, o evento para outras cidades com maior capacidade.
A COP30 poderia ser “a mais excludente da história” por causa dos preços, alertou em agosto o Observatório do Clima, uma rede de entidades ambientalistas da sociedade civil brasileira.
Para aliviar a pressão, a ONU aumentará o subsídio diário em Belém para delegados de 144 países em desenvolvimento, de 144 para 197 dólares (de 763 para 1.044 reais, na cotação atual), confirmou nesta quarta-feira um porta-voz da ONU.
O governo federal considerou este ajuste como “um avanço para facilitar a participação”, mas advertiu que “o valor continua abaixo da média praticada em outras capitais brasileiras e não cobre integralmente os custos locais”.
O Brasil sugeriu à ONU que aplicasse um suporte econômico adicional exclusivamente para este evento.
Lula idealizou a COP30 em Belém para dar visibilidade à Amazônia, a maior floresta tropical do planeta, essencial para combater o aquecimento global.
Para aliviar a demanda de hospedagem, o Brasil programou a cúpula de chefes de Estado para os dias 6 e 7 de novembro, antes da conferência. Mas isso não foi suficiente: a média de preços continuou acima do requerido pela ONU.
O governo lançou em agosto um grupo de trabalho para ajudar os delegados a conseguirem melhores preços e condições em Belém.
Para reforçar a oferta, também contratou dois navios de cruzeiro privados que oferecerão 6 mil leitos, embora a 20 quilômetros do centro de negociações.
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