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Brasil

4 anos após tragédia de Mariana, vítimas exigem providências

Representantes de pessoas atingidas pelas barragens fazem reivindicações em audiência na Câmara

Agência UniCeub

06/11/2019 19h34

Resplendor (MG) – Imagem aéra mostra a a lama no Rio Doce, na cidade Resplendor ( Fred Loureiro/ Secom ES)

Por Gabriella Gallo
Jornal de Brasília/Agência UniCEUB

A Comissão dos Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados discute, nesta quarta-feira (6), as consequências do desastre ambiental que aconteceu em Mariana (MG) e que resultou na morte de 19 pessoas. 

Tchenna Fernandes, representante da Coordenação Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), afirmou, em entrevista, que não se conforma com a situação da Bacia do Rio Doce, no litoral capixaba. Ela apresenta reivindicações sobre os problemas de saúde de quem vive na região, uma vez que  os peritos apontaram a presença de metais pesados no corpo das pessoas. “Tem um estudo que ela mesma [a empresa Vale] realizou através da Fundação Renova em janeiro desse ano. Até hoje, não foram tomadas medidas de precaução ou de informação à população”, afirma.

Distrito de Bento Rodrigues, Município de Mariana, Minas Gerais.. Foto: Rogério Alves/TV Senado

 Ela cita que há casos conhecidos de problemas no útero e de aborto espontâneo na região, além de  uma série de doenças de pele que exigem que as pessoas sejam alertadas sobre os riscos de ingerir a água do Rio Doce.

A Fundação Renova foi criada em 2016 por um Termo de Ajustamento de Conduta (TTAC) após o Rompimento da barragem. Foi assinada pela Samarco Mineração e suas acionistas – Vale e BHP Billiton – e, também, por instituições e órgãos do governo federal e dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, segundo o site da Vale. Foi fundada com o intuito de ser a porta-voz das empresas responsáveis pelo ocorrido, tendo o objetivo de buscar soluções.  

Água contaminada

Ainda sobre o problema de contaminação da água, a deputada estadual Iriny Lopes (ES) cita que existem diferentes vítimas na região. “Isso atinge quem trabalha no rio, mas também atinge quem rega a sua produção com as águas do rio, atinge as cidades que são banhadas pelo rio e quem tem parcela considerável da água para comércio cotidiano. A água é banho, lavar roupa, cozinhar, tudo isso vem do Rio Doce”.  

O terceiro ponto proposto pelo movimento é a igualdade de indenizações em relação a homens e mulheres. Segundo a representante do MAB, Renova não reconhece a presença das mulheres, indenizando mais os homens. Isso ocasiona uma série de problemas em decorrência do então baixo poder aquisitivo feminino, como violência doméstica. 

O quarto é o cumprimento da Fundação com o programa de cadastro. “Até hoje ela não finalizou a campanha dos cadastros, ou seja, ela não sabe informar quantos atingidos tem nas Bacias” afirma Tchenna. O relatório de diligência da Comissão de Direitos Humanos Câmara foi feito em comunidades de mais de 5 municípios, com mais de 100 pessoas cada. 

A deputada afirma que o necessário a se fazer é o Ministério Público Federal e os Ministérios Públicos Estaduais de Minas e do Espírito Santo determinarem o cumprimento do termo de ajuste com a conduta assinado pela PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador). Ela acredita que a Renova não tem mais credibilidade para continuar o processo, visto que a representante das empresas responsáveis (como Vale), após quatro anos, não foi feito um levantamento que possa ser considerado sério sobre os danos causados e as pessoas afetadas. 

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