Há 133 anos, no dia 13 de maio de 1888, a Lei Áurea foi assinada pela Princesa Isabel, que abolia a escravatura no Brasil. Porém, na prática, os negros e escravizados continuaram da mesma forma que ficaram por muitos anos. Por isso, hoje, a data é considerada como “Dia da Falsa Abolição”.
O advogado e professor do Centro Universitário de Brasilía (UniCEUB) Hector Vieira explica que apenas começamos a entender como falsa abolição após muita reflexão sobre o que foi essa “liberdade”. “É uma liberdade vinda apenas no sentido formal da palavra, levando em consideração que o Estado brasileiro não fez nada no pós abolição para promover a inclusão de negros e negras na sociedade”, completa o professor.
O papel da música na resistência
Em Brasília, o professor de percussão, Marcos Albuquerque, criou o Projeto Folha Seca, na necessidade de continuar levando a história real dos negros por meio das músicas. Ele explica que, historicamente, a música tem grande importância na resistência, “a gente não comemora o 13 de maio porque foi só uma um papel assinado para a princesa Isabel se passar por boazinha. O negro foi jogado na marginalidade sem políticas públicas.”
As favelas e prisões cheias mostram uma realidade pouco tragável da realidade brasileira, e é esta situação a que os professores se referem. “A dimensão qualitativa do que é essa liberdade está no sentido apenas formal, é aquela que diz, ‘você é livre, mas você vai carregar para sempre o legado da escravidão e do racismo’, e isso te torna cotidianamente menos livre”, completa o advogado.
A música entra com um papel fundamental no resgate da história do negro, “nossos ancestrais que passaram por tudo isso, que lutaram, que sofreram, mas resistiram pra poder ter voz, pra poder se mostrar e pra poder lutar pelo seu espaço…”, completa o professor do Projeto Folha Seca.