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Sites na dark web oferecem ‘serviço’ de assassinos de aluguel

Especialistas e agentes da lei que analisaram os sites, quase todos na chamada dark web ou dark net, dizem que são fraudes

Redação Jornal de Brasília

20/03/2020 7h13

Em um site chamado Azerbaijani Eagles, você pode “encomendar” um assassinato por US$ 5 mil. O site Slayers Hitmen oferece mais opções, como um espancamento por US$ 2 mil. Já a morte por tortura custa US$ 50 mil. Mas não espere que alguém faça o trabalho. Especialistas e agentes da lei que analisaram os sites, quase todos na chamada dark web ou dark net, dizem que são fraudes. Não houve um assassinato conhecido atribuído a nenhum deles.

Os sites tornaram-se pontos de captura para pessoas que querem pagar para ter alguém assassinado. Vários homens e mulheres estão na prisão depois de serem pegos pela polícia. Uma enfermeira de Illinois foi condenada a 12 anos de prisão após se declarar culpada por enviar US$ 12 mil em Bitcoin para o site Sicilian Hitmen International Network. Ela tinha o desejo que a esposa do namorado fosse morta.

Vinte e quatro sites de “assassinos de aluguel” são objeto de um artigo acadêmico, que está sendo revisado para publicação, por um professor da Universidade Estadual de Michigan, Tom Holt, e por sua aluna, Ariel Roddy. O surgimento da dark web na última década permitiu a proliferação desse tipo de site. Eles usam tecnologia que permite que ambos os lados de uma interação online ocultem sua identidade e localização.

“É uma oportunidade fantástica de defraudar as pessoas, porque você dá a elas um senso de perigo suficiente”, disse Emily Wilson, chefe de pesquisa da Terbium Labs, uma empresa de segurança focada na dark web. “O que você fará se eles não continuarem com isso?” Em muitos dos sites examinados pela equipe de pesquisadores de Michigan, foram feitos esforços consideráveis para provar sua legitimidade, para que os clientes se sentissem confortáveis em efetuar um pagamento em Bitcoin, a moeda digital.

O site 18th Street Mafia inclui uma página com links para notícias sobre assassinatos reais que, segundo ele, ajudaram a cometer. Nenhum dos artigos, no entanto, indica que o site, ou mesmo um matador de aluguel, era responsável. Para visitantes céticos, o site diz: “Podemos fornecer provas de vídeo de nossos serviços, com carimbos de data e hora”.

Chris Monteiro, administrador de sistemas em Londres, investigou os sites como um projeto pessoal. Ele invadiu o site da Besa Mafia e outros, onde encontrou informações sobre 283 pessoas que pagaram por esses serviços. Ele também encontrou mensagens sugerindo que os operadores tinham pouca intenção de continuar com os assassinatos.

“Preciso que você me ajude a fazer alguns vídeos para provar a legitimidade da Besa Mafia, mas SEM matar ninguém”, escreveu a operadora em um e-mail, tentando convencer um contratado a produzir vídeos realistas. “Eu não sou um assassino e não quero que ninguém seja assassinado.”

As agências de cumprimento da lei têm hesitado em colaborar com Monteiro ou em usar suas evidências devido à maneira como ele as adquiriu. Mas Monteiro trabalhou com veículos de comunicação, que passaram suas informações a agentes da lei, levando a prisões.

Monteiro identificou nove casos em que as pessoas que ele expôs foram presas. Um homem em Minnesota foi preso depois que ele próprio matou sua esposa quando o assassino que ele encomendou no site da Besa Mafia por cerca de US$ 6 mil em Bitcoin não concretizou o pedido.

Acredita-se que um investigador da polícia na Rússia tenha sido morto por dois adolescentes que foram contratados por um traficante de drogas na dark web. Uma investigação da BBC constatou que o assassinato havia sido cometido em um dos amplos mercados da dark web, onde drogas e cartões de crédito roubados são vendidos. Foi, pela maioria dos relatos, o primeiro assassinato conhecido a ser realizado com sucesso por meio de negociações na dark web.

Mas ainda não houve nenhum assassinato encomendado em um dos sites dedicados a assassinos de aluguel. “Por que você montaria um site dedicado ao tema quando você sabe que, sem dúvida, profissionais da lei estarão monitorando o site e tentando encontrá-lo?”, disse Emily.

Ainda assim, os sites continuaram a se proliferar. Alguns meses atrás, um executivo de meia-idade em Cingapura foi condenado a cinco anos de prisão depois de pagar ao site Camorra Hitman para matar o namorado de sua jovem ex-amante em um acidente de carro que não aconteceu. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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