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Obra tem restauração malsucedida e causa revolta

Arquivo Geral

26/06/2018 16h01

Divulgação

Assim como ocorreu em 2012, uma restauração que ficou a cargo de mãos não experientes  causou revolta na Espanha. Desta vez, uma mulher realizou uma “intervenção infeliz” em uma obra do século 16, cujo resultado lembra o famoso Ecce Homo de Borja.

A obra danificada em questão é uma escultura de São Jorge, que estava exposta na igreja São Miguel, no norte da Espanha.  A restauradora, segundo locais, foi uma professora de trabalhos manuais que havia recebido o encargo do padre da paróquia.

A nova restauração, porém,  tem muitas semelhanças com o famoso Ecce Homo de Borja, um quadro de mais de um século que também ficava em um santuário, cuja restauração por parte de uma octagenária ficou famosa no mundo inteiro e acabou sendo motivo de atração turística, além de protagonizar documentários e inspirar óperas.

Neste segundo caso, a escultura em madeira mostra a imagem de São Jorge com armadura, montado a cavalo lutando contra um dragão, e suas cores haviam se deteriorado com a passagem do tempo. Já na restauração, foram usadas cores uniformes, principalmente no rosto, o que dá ao santo uma aparência de boneca, sem nuances.

Para os especialistas da Associação de Conservadores e Restauradores da Espanha (ACRE), se trata de uma intervenção infeliz que resultou numa “destruição do patrimônico cultural da Navarra”, e anunciaram que vão abrir uma ação judicial contra os responsáveis.

A escultura em madeira policromada do século 16 era uma obra “de grande interesse e relevância patrimonial”, explicou o presidente do ACRE, Fernando Carrera, para a Efe, e disse que se trata de “um erro muito sério” e considerou que essa destruição do patrimônio “deveria horrorizar a todos”.

Os arcebispos de Pamplona, capital de Navarra, asseguraram que o padre da igreja de São Miguel de Estella não pretendia restaurar a escultura, o que exige uma autorização, e sim “limpar” o espaço em que a escultura estava, que se encontrava “suja”. Os arcebispos tiveram conhecimento dos feitos na semana passada e estão em contato com a Instituição Príncipe de Viana, orgão cultural do governo regional de Navarra, encarregada de restaurar, manter e custodiar o patrimônio artístico, cujos técnicos estão analisando o estado da obra e se ela pode ser recuperada.

As autoridades regionais investigam as circunstâncias em que foi feita a restauração da tela, disse à Efe o diretor do Serviço de Patrimônio Carlos Martínez Álava, que assegurou que a restauradora não tinha conhecimento prévio das atuações que iria fazer, o que é perceptível. “Todas essas ações são sobre bens que estão no Registro Cultural e do Patrimônio de Navarra, e portanto têm que ter um projeto, e nós devemos dar o visto de autorização antes de serem realizadas, o que não foi feito neste caso”, disse Álava.

Para Álava, o aspecto da tela “poderia indicar que estava precisando de uma limpeza, mas a impressão é que a intervenção foi um tanto excessiva”. O novo episódio de restauração com resultados negativas leva aos restauradores a pedir “mais fiscalização” e “mais atenção das responsabilidades dos profissionais”, adverteu o presidente do ACRE, que lamentou, “sobretudo, um atentado a um patrimônio que é de toda a sociedade navarra e espanhola”.

Fonte: Estadão Conteúdo

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