A morte de um bebê de oito meses minutos após receber uma injeção em um centro clínico em Guarujá, no litoral de São Paulo, acende um alerta entre pais e médicos, que se perguntam quais procedimentos médicos devem ser adotados em crianças.
O intensivista pediátrico Lourival Ferreira de Assis, que atende em Santos, disse ser raro haver necessidade de aplicar injeção em crianças, salvo as vacinas. Entretanto, aponta que a droga injetável pode ser opção quando é preciso ter uma resposta rápida ao medicamento, como para baixar a temperatura, porém não é protocolo médico.
Uma pediatra afirma que as injeções em crianças podem ser uma saída, a depender da urgência avaliada em cada caso.
No caso de Valentim Viegas Mazagão dos Santos que, segundo a família, recebeu uma injeção de corticoide antes de realizar o exame de raios X solicitado, o intensivista pediátrico diz que aguardaria o resultado do procedimento.
Sobre o tipo de medicamento aplicado, Lourival disse que o corticoide abaixa a imunidade da criança, podendo trazer complicações, se o que a mesma tiver for uma infecção, podendo ter o caso agravado.
Em contrapartida, a pediatra comenta que, em alguns cenários, é necessário medicar os pequenos sem antes efetuar exames específicos, caso a criança chegue ao hospital com urgência.
Intolerância à corticoide é baixa
Lourival comenta, no entanto, que a probabilidade da criança ter apresentado algum tipo de intolerância ao medicamento é baixa. Para o médico, portanto, caso o bebê tivesse alguma manifestação contrária ao medicamento, a família dele provavelmente também teria, e saberia da condição.
Relembre o caso
O pequeno Valentim Viegas Mazagão dos Santos, de oito meses, morreu na sexta-feira, 13, após receber uma injeção em Centro Clínico particular em Guarujá. A família o levou para a unidade de saúde porque ele apresentava sintomas de gripe.
Valentim foi medicado na veia e, quando a família se preparava para ir embora, ele desmaiou. A equipe médica do Centro Clínico Frei Galvão da Notredame Intermédica tentou reanimá-lo, mas não conseguiu.
A família afirma que a médica pediatra que atendeu o bebê solicitou um exame de raios X e indicou a medicação com corticoide. Ao mesmo tempo, a família foi informada de que a unidade de Guarujá não dispõe de equipamento de raios X, apenas o centro clínico em Santos, cidade vizinha.
Segundo a família, a médica insistiu para que a medicação fosse aplicada em Guarujá e que o exame fosse realizado posteriormente. Após a morte do pequeno Valentim, a médica pediatra teria informado à família que a morte de Valentim aconteceu porque ele broncoaspirou catarro.
O caso foi registrado como morte suspeita, súbita e sem causa determinante aparente na Delegacia de Polícia (DP) Sede de Guarujá. Estiveram no DP para prestar depoimento a família de Valentim e os profissionais da saúde envolvidos no atendimento.
A médica pediatra que atendeu o paciente, prescreveu a medicação e auxiliou no processo de reanimação dele esteve presente na elaboração do documento, mas preferiu não comentar o caso antes de se consultar com um advogado.