Gravações feitas por câmeras corporais de policiais militares do Rio de Janeiro trouxeram à tona flagrantes de abusos cometidos por agentes, versões combinadas de ocorrências e, simultaneamente, momentos que revelam o drama enfrentado por profissionais que lidam com a violência ou recusam propinas.
Um dos episódios mais graves ocorreu na zona norte do Rio, durante a abordagem a um suspeito após uma perseguição a supostos assaltantes. As imagens mostram o motorista rendido, saindo do veículo com as mãos erguidas. Em seguida, enquanto estava no chão tentando se explicar, o homem se levantou e foi baleado pelas costas por um policial.
Ainda nas gravações, na porta da delegacia, os agentes foram flagrados combinando a versão que apresentariam em seus depoimentos. “O senhor não mirou nele, o senhor mirou no veículo”, disse um dos policiais ao sargento envolvido no disparo.
Após a divulgação das imagens e um pedido da Defensoria Pública, a Justiça determinou que o Ministério Público e a Corregedoria da Polícia Militar investigassem o caso. Em nota, a corporação informou que o sargento Daniel de Souza Braga foi afastado preventivamente do serviço nas ruas e que os fatos estão sendo apurados.
O suspeito, que admitiu ter roubado a bolsa de uma mulher na madrugada em que foi abordado, foi condenado a seis anos de prisão. O caso reacende o debate sobre o uso de força excessiva e a transparência nas ações policiais no estado.
