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Homem é encontrado morto após ser colocado em viatura da PM em GO

André Veloso, delegado da Polícia Civil à frente do caso, disse à reportagem que a versão dos agentes não faz sentido

FolhaPress

15/08/2022 17h42

Foto: Imagem ilustrativa

Luccas Lucena
São Paulo, SP

Um homem de 28 anos foi encontrado morto um dia depois após ser colocado em uma viatura da PM (Polícia Militar), em Goiânia, na quinta-feira (11). A corporação informou que afastou os policiais envolvidos na prisão e morte de Henrique Alves Nogueira, que deixou uma esposa e um filho de 4 anos.

Em vídeo registrado pelas câmeras de segurança do local da abordagem, é possível ver a vítima andando na rua sem mochila e sendo abordado pelos policiais instantes depois. Após alguns minutos, Nogueira é colocado dentro da viatura e levado pelos policiais.

A esposa de Nogueira, que não quis se identificar, protestou contra o que chamou de “execução” do marido, em declaração enviada pelo advogado da família à reportagem.

“Quero Justiça porque o que houve com ele foi uma execução, tá bem claro o que foi. Estou desamparada e tenho um filho de 4 anos. Não sei o que eu faço, tenho medo de acontecer alguma coisa comigo e com meu filho e só quero que a Justiça seja feita. Não foi justo o que aconteceu com ele”, ela afirmou.

No Boletim de Ocorrência, os guardas alegaram que havia dois ocupantes na moto no sentido contrário ao deles e que, ao avistarem a viatura policial, tentaram dar meia-volta para evitarem serem abordados.

Na tentativa de fugirem, a moto teria derrapado e o garupa caiu. Após isso, os policiais pediram para eles se renderem e essa ordem foi desobedecida, com o suposto motorista atirando contra eles e sendo alvejado logo em seguida, segundo o relato dos agentes.

No entanto, os vídeos do incidente não mostram moto e mochila, e apontam que o rapaz estava sozinho andando pela rua.

A versão dos PMs apresenta também que, após o rapaz ser alvejado, foram encontrados na mochila três barras e meia de substância similar a maconha, 70 papelotes de substância similar a cocaína, 38 papelotes de substância similar a ecstasy, 46 papelotes de substância similar a crack, 2 pedaços de crack, 3 pedaços de cocaína e um rolo de papel filme.

O QUE DIZ A INVESTIGAÇÃO

André Veloso, delegado da Polícia Civil à frente do caso, disse à reportagem que a versão dos agentes não faz sentido, pois o rapaz não estava com mochila no momento da abordagem. Agora, segundo ele, as diligências estão voltadas para o que ocorreu do momento em que ele foi colocado na viatura ao momento que Nogueira foi encontrado morto.

Alan Araújo, advogado da família da vítima e vice-presidente do plantão da comissão de Direitos e Prerrogativas da OAB-GO (Ordem dos Advogados do Brasil de Goiânia), afirmou que já levou todas as provas para contradizer o que foi apresentado pelos policiais.

Além disso, a defesa também relatou que tomará outras medidas para ajudar a família.

“O segundo passo é cobrar as investigações e o terceiro é entrar com ação indenizatória por serem agentes públicos e pela responsabilidade objetiva do estado”, disse ele. “Vamos tentar uma liminar para que o estado dê uma pensão inicial para a mulher poder sustentar o filho.”

Araújo também acusou os policiais de “fraude processual”.

“A gente percebe que houve homicídio qualificado, fraude processual, associação criminosa, porte ilegal de arma e falso testemunho. São vários crimes. A gente nunca espera isso, pois eu sempre elogiei o trabalho da Polícia Militar e, infelizmente, não esperamos que esse seja o papel do policial militar. Esperamos que as investigações sejam concluídas e os responsáveis sejam punidos”.

O advogado explicou que a família está tendo suporte em relação à segurança. “Demos todo o suporte. Estamos indo atrás e cobrando as autoridades para que seja dada segurança e que não haja represália”.

A PM também alegou que não “compactua com nenhum tipo de desvio de conduta e que o caso será apurado com o devido rigor”.

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