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Valorização do educador físico

Izi e César tiveram de se reinventar durante a pandemia e apelaram às aulas virtuais, mas afirmam que tiveram dificuldade em manter alunos

Redação Jornal de Brasília

01/09/2021 7h35

Elisa Costa
redacao@grupojbr.com

Hoje é celebrado o Dia Nacional do Profissional de Educação Física, que coincide com a data em que a profissão foi regulamentada, por meio da Lei 9696/1998. De acordo com o Artigo 3º da mesma, compete ao Profissional de Educação Física coordenar, planejar, supervisionar, avaliar e executar trabalhos nas áreas de atividades físicas e do desporto.

Segundo a secretária de Esporte e Lazer do DF (SEL-DF), Gisele Ferreira, atualmente os profissionais de Educação Física no Distrito Federal são considerados profissionais da Saúde e isso possibilitou que eles tivessem prioridade na fila de vacinação contra a Covid-19. Para a secretária Gisele, isso foi uma grande conquista: “Quanto mais pessoas praticarem atividade física, melhor fica sua qualidade de vida”, comentou, justificando a priorização para imunização.

Em maio deste ano, o Governo do Distrito Federal (GDF) liberou a abertura das academias e escolas na capital federal, depois de uma série de restrições decretadas em março de 2020 e outro em fevereiro de 2021. Gisele Ferreira comentou sobre o impacto negativo da pandemia na prática de atividades físicas: “Com muito esforço, conseguimos mostrar que o esporte não é só lazer, é saúde. Incentivamos o uso de máscaras e álcool em gel, e assim, as pessoas puderam voltar às academias e aos parques. A prática de atividade física melhora sua imunidade. O governador Ibaneis (Rocha) acreditou em nós e viu que isso seria importante para a população em tempos de pandemia.”

A professora de Educação Física e pedagoga no DF, Izi Rangel, 36, lembrou que os profissionais de educação física também trabalham com outros setores além da saúde, como educação, turismo esportivo, recreação e outros de grande importância para toda a comunidade. Izi acredita que sua área de trabalho não recebe a valorização devida: “Nossa profissão não é vista como prioridade, por falta de políticas públicas focadas na disciplina, e a falta de metas curriculares claras dentro do ensino público. Os profissionais que trabalham em academias recebem um valor de hora/aula muito baixo e quando aceitamos isso, precarizamos ainda mais nosso serviço.”

Durante a pandemia, a professora afirma que apelou ao atendimento virtual e trabalhou de forma remota e contou que nem todos os alunos tinham acesso à internet, o que dificultou o trabalho de Izi e o desempenho de seus alunos. “Nosso salário ainda está muito abaixo do salário dos profissionais da saúde, mas quando tivermos mais profissionais da educação física dentro dos hospitais, isso pode melhorar”, concluiu a professora.

Cesar Martins, de 47 anos, é educador físico e também nutricionista na capital federal. Ele comentou que a melhor forma de incentivar os profissionais dessa área a continuarem em suas atividades é divulgar informações a respeito dos benefícios da atividade física na saúde da população, além da busca pela estética desejada.

Cesar afirma que também teve dificuldades com a pandemia, tanto na fidelização de seus clientes como financeiro: “Eu me preparei e fiz uma poupança específica para esse momento, mas esse período afetou diretamente o número de clientes que eu atendia e isso reduziu bastante meu orçamento.”

A ajuda da endorfina

Em 2017, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que o Distrito Federal liderava como a unidade de federação que mais pratica esportes ou algum tipo de atividade física, com mais de 50% da população ativa nessa área. O estudo também constatou que Centro-Oeste e o Sul eram as regiões do país com mais praticantes, com 41,1% e 40,8% respectivamente. Só no DF, mais de 70 mil pessoas com 15 anos ou mais foram ouvidas.

O estudante brasiliense de Educação Física, Victor Flores, de 22 anos, afirmou que reconhece o valor dos profissionais de educação física na sociedade, principalmente em tempos difíceis: “Sei que é de grande importância, porque conseguimos realizar melhorias na saúde da população através do acompanhamento de educadores físicos em vários tratamentos. O incentivo que nós, futuros educadores físicos, temos em relação à saúde e qualidade de vida durante a faculdade é enorme.”

Em maio deste ano, o Governo do Distrito Federal lançou o Programa Educador Esportivo Voluntário, com o objetivo de levar a prática esportiva gratuita à população e ajudar na retomada da economia. O projeto deve beneficiar cerca de 12 mil pessoas e prevê um investimento de R$ 3,5 milhões em um ano de atividades. As aulas e oficinas acontecem em equipamentos ou locais esportivos indicados pela Secretaria de Esporte e Lazer. Ainda não há informações sobre o andamento do projeto.

Ainda este mês, o Projeto de Lei 3.467/2019, da senadora Leila Barros (Cidadania-DF), foi para análise na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE). O texto prevê a valorização da educação física na educação pública, bem como o ingresso de professores da rede pública de ensino em cursos de licenciatura em educação física.

A liberação de hormônios decorrentes da prática de exercício físico pode ajudar durante o período de estresse que a pandemia do Covid-19 trouxe: o aumento da endorfina dá a sensação de prazer, associada diretamente ao nosso bem-estar, mas é preciso tomar alguns cuidados, como a higienização dos espaços, além do uso consciente da máscara.

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