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URGENTE: Mortes na China por coronavírus chega a 630, segundo governo

Na atualização diária de seu balanço, o Departamento de Saúde de Hubei também confirmou 2.447 novos casos na província, onde o surto teve início

Redação Jornal de Brasília

06/02/2020 21h07

EDITORS NOTE: Graphic content / This photo taken on January 30, 2020 shows an elderly man wearing a facemask lying on the pavement after he collapsed and died along a street near a hospital in Wuhan. – AFP journalists saw the body on January 30, not long before an emergency vehicle arrived carrying police and medical staff in full-body protective suits. The World Health Organization declared a global emergency over the new coronavirus, as China reported on January 31 the death toll had climbed to 213 with nearly 10,000 infections. (Photo by Hector RETAMAL / AFP) / TO GO WITH China-health-virus-death,SCENE by Leo RAMIREZ and Sebastien RICCI

O número de mortes confirmadas na China pelo novo coronavírus subiu, nesta sexta-feira (no horário local), para 630 após 69 pessoas morrerem na região de Hubei, fortemente atingida por esta epidemia.

Na atualização diária de seu balanço, o Departamento de Saúde de Hubei também confirmou 2.447 novos casos na província, onde o surto teve início.

Encontrar o animal responsável pelo novo coronavírus, um jogo de gato e rato

Que animal transmitiu o novo coronavírus aos seres humanos? Para identificar a origem, os cientistas realizaram uma investigação metódica, digna da polícia científica.

– Falta um elo? –

O animal que abriga um vírus sem estar doente e que pode ser transmitido a outras espécies é chamado de “reservatório”. No caso do novo coronavírus, provavelmente é o morcego, porque, de acordo com um estudo recente, os genomas desse vírus e os que circulam neste animal são 96% semelhantes.

No entanto, “acredita-se que exista outro animal intermediário” que transmitiu o vírus ao homem, disse à AFP Arnaud Fontanet, do Instituto Pasteur.

As análises mostram que o vírus do morcego não estava equipado para se fixar em receptores humanos. Então, talvez ele tenha passado por outra espécie para se adaptar ao ser humano.

Ainda não se sabe qual animal desempenhou o papel de intermediário. No momento, foi descartado que poderia ter sido uma cobra, hipótese levantada por pesquisadores chineses.

Devido à natureza desse coronavírus, “o hóspede intermediário provavelmente deve ser um mamífero, talvez um roedor ou um animal da família dos texugos”, disse Fontanet.

Os cientistas acreditam que é um dos animais vendidos no mercado de Wuhan, a cidade chinesa em que a epidemia surgiu. Apesar de ser chamado de “Mercado de Frutos do Mar”, muitos tipos de animais, incluindo mamíferos selvagens, foram vendidos para consumo humano.

Durante a epidemia da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, 2002-2003), também causada por um coronavírus, o intermediário foi o civeta, um mamífero muito popular na culinária chinesa.

– Como encontrá-lo? –

É necessário fazer uma lista com todos os tipos de animais vendidos no mercado e realizar análises para ver se eles carregam o vírus. Para fazer isso, uma “amostra faríngea [na garganta] ou amostras fecais é coletada”, de acordo com Fontanet.

A virologista Martine Peeters, do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD), pesquisou na África para encontrar o reservatório animal do vírus Ebola. Também nesse caso, o morcego foi a causa. Os pesquisadores descreveram a amostragem desse animal: “passamos um isopo dentro da boca e do reto”.

Quando não é possível analisar o próprio animal, são coletadas amostras de excrementos. “Coletamos milhares amostras de excrementos em vários lugares da África”, explicou Peeters.

Certamente, os pesquisadores chineses responsáveis pelas análises do novo coronavírus fizeram o mesmo, desde que o mercado de Wuhan foi fechado no início da epidemia.

No final de janeiro, eles alegaram “terem feito 585 coletas nas bancas e em um caminhão de lixo” do mercado e “terem encontrado coronavírus em 33 deles”, disse Fontanet.

“Eles não dizem que amostras eram, mas acho que eram excrementos encontrados nos estabelecimentos”, acrescentou.

– Por que é importante? –

Porque isso impedirá que o vírus reapareça depois que a epidemia for interrompida.

“Proibir o consumo de civetas e fechar as fazendas de criação poderia impedir qualquer reintrodução” do vírus da Sars em humanos, lembrou Fontanet.

– Quanto tempo levará? –
“Isso pode ser muito rápido, como ocorreu com a Sars, mas também pode demorar”, disse Eric Leroy, virologista e veterinário do IRD, à AFP.

“No caso do Ebola, as investigações sobre o reservatório começaram em 1976 e os primeiros resultados foram publicados em 2005”, lembrou.

Para o vírus da Aids, o HIV, “a investigação durou vinte anos” antes que os grandes macacos fossem apontados, explicou Martine Peeters.

Um dos fatores importantes é a proporção de animais infectados dentro da mesma espécie.

“Se for muito baixa, menos de 1%, por exemplo, isso diminui as chances de encontrar o animal infectado”, destacou Leroy.

– E depois? –

“São os contatos entre animais selvagens e humanos que estão na origem dessas transmissões, então devemos deixar os animais selvagens onde eles estão”, declarou Fontanet.

Na conclusão de um estudo publicado segunda-feira na revista médica Nature, um grupo de cientistas chineses defendeu “o estabelecimento de uma legislação rigorosa contra a criação e o consumo de animais selvagens”.

Por enquanto, uma medida de transição foi tomada: no final de janeiro, a China proibiu o comércio de todos os animais selvagens enquanto a epidemia não for controlada.

“Toda vez que tentamos apagar um incêndio e quando o apagamos, esperamos o próximo”, lamentou François Renaud, pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa Científica na França (CNRS).

Segundo ele, medidas de “vigilância” devem ser implementadas para “mapear tudo o que é potencialmente suscetível de transmitir agentes infecciosos ao homem” e, assim, ter “uma espécie de inventário de risco”.

“Você precisa evitar epidemias e trabalhar com antecedência”, acrescentou, embora tenha admitido que esse “banco de dados global” representaria “trabalho enorme” e exigiria financiamento significativo.

© Agence France-Presse

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