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Mundo

Um quinto da população mundial pode não ter acesso à vacina até 2022

Estudo destaca que os países ricos já reservaram mais da metade das doses a princípio disponíveis para 2021

Redação Jornal de Brasília

16/12/2020 9h47

Foto: Victoria Jones / POOL / AFP

Ao menos um quinto da população mundial pode não ter acesso a uma vacina contra a covid-19 até 2022, de acordo com um estudo que destaca que os países ricos já reservaram mais da metade das doses a princípio disponíveis para 2021.

A corrida para disponibilizar a vacina para frear a epidemia que matou mais de 1,6 milhão de pessoas no mundo levou os países ricos a assegurar quantidades suficientes para suas populações, assinando contratos com vários fabricantes.

Alguns, como Estados Unidos, Grã-Bretanha e Emirados Árabes Unidos, já iniciaram as campanhas de imunização.

Desta maneira, as nações ricas, que representam apenas 14% da população mundial, reservaram mais da metade das doses de vacinas com produção prevista para o próximo ano, de acordo com pesquisadores da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health. O risco é de que os países pobres fiquem para trás.

Mesmo que todos os fabricantes consigam desenvolver vacinas seguras e eficazes, atingindo o nível máximo de produção, o estudo calcula que “ao menos um quinto da população não terá acesso às vacinas até 2022”.

Com base na análise de dados públicos, os autores do estudo publicado pela revista médica BJM descobriram que até meados de novembro as reservas totalizavam 7,48 bilhões de doses, o equivalente a 3,76 bilhões de vacinas, pois a maioria exige duas injeções.

A produção total prevista para 2021 é de 5,96 bilhões de vacinas.

Coordenação das compras

O estudo considera que até 40% das vacinas dos principais fabricantes podem estar disponíveis para os países de baixa e média renda, mas acrescenta que isto dependerá de como os países ricos distribuirão suas compras.

Os autores, que alertam que as informações públicas examinadas estão incompletas, pediram “mais transparência e responsabilidade” para um acesso global equitativo e defenderam que este é um problema que vai além da saúde.

“O comércio e as viagens entre países podem ser afetados de forma contínua até que o acesso a medidas eficazes de prevenção e tratamento, como as vacinas, estejam amplamente disponíveis no mundo”, destaca o estudo.

Muitos países se uniram ao mecanismo de compra COVAX, coordenado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), à Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias e à aliança GAVI, para garantir o acesso mundial às vacinas, independente da renda nacional.

A iniciativa espera contar com dois bilhões de doses no fim de de 2021. Mas Estados Unidos e Rússia não aderiram ao programa até o momento.

‘Crise devastadora’

Jason Schwartz, da Yale School of Public Health, afirmou que a participação dos Estados Unidos na coordenação seria “inestimável” para disponibilizar as vacinas a todo o mundo, o que “ajudaria a acabar com esta crise global de saúde devastadora”.

Em um editorial na BMJ, Schwartz destaca ainda que os desafios logísticos que algumas vacinas apresentam, como a necessidade de injetar duas doses ou de conservação a temperaturas muito reduzidas, serão grandes obstáculos para muitos países.

“Os desafios logísticos do programa mundial de vacinação contra covid-19 serão no mínimo tão difíceis quanto os desafios científicos no momento de desenvolver rapidamente uma vacina eficaz e segura”.

Os autores da Johns Hopkins indicaram que os preços das vacinas oscilam entre 6 e 74 dólares.

Eles apontam que se todas as vacinas funcionarem corretamente, muitos países ricos já reservaram pelo menos uma delas para cada um de seus cidadãos.

O Canadá teria reservado o equivalente a quatro doses por pessoa, Estados Unidos uma vacina por pessoa, enquanto países com a Indonésia teriam assegurado menos de uma vacina para cada dois habitantes.

Agence France-Presse

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