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Trump diz que grupo curdo pode ser ameaça terrorista maior que Estado Islâmico

Trump também ressaltou que os EUA não têm relação com a ofensiva militar da Turquia contra milícias curdo-sírias

Aline Rocha

16/10/2019 17h26

U.S. President Donald Trump speaks at a campaign kick off rally at the Amway Center in Orlando, Florida, U.S., June 18, 2019. REUTERS/Carlo Allegri

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira, 16, que o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) é provavelmente uma “ameaça terrorista” maior do que a organização jihadista do Estado Islâmico (EI), em meio a críticas pela retirada das tropas americanas dos Estados Unidos na Síria.

Trump disse que o grupo curdo que opera na Turquia, o PKK, é “provavelmente uma ameaça terrorista maior, sob muitos aspectos, do que o EI”, depois que Ancara lançou uma ofensiva no norte da Síria na semana passada contra milícias curdas, que são braços do PKK na Síria.

O presidente americano também defendeu sua decisão de retirar os soldados americanos que estavam na fronteira entre a Síria e a Turquia, mas negou que isso significasse uma luz verde para o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, lançar operações militares contra grupos curdos.

“Eu não dei luz verde. Quando falam algo assim é enganoso. Foi o oposto a uma luz verde”, disse Trump. “Para começar, quase já não tínhamos soldados lá. A maioria já tinha sido retirada”, completou o republicano em entrevista na Casa Branca, onde recebeu o presidente da Itália, Sergio Matarella.

Os batalhões americanos somavam mil soldados no nordeste da Síria, que foram retirados definitivamente nesta semana. Tropas da Rússia já começaram a ocupar as regiões uma vez dominadas pelos americanos.

Trump também ressaltou que os EUA não têm relação com a ofensiva militar da Turquia contra milícias curdo-sírias.

“Se a Turquia entra na Síria, é uma questão entre a Turquia e a Síria, não é uma questão entre a Turquia e os Estados Unidos, como muitas pessoas estúpidas querem que se acredite”, disse o chefe de Estado americano.

O vice-presidente americano, Mike Pence, e o secretário de Estado, Mike Pompeo, devem chegar à Turquia nas próximas horas para tentar promover um cessar-fogo.

Sobre essa questão, o presidente americano afirmou que seu país está buscando com que Ancara faça o que é certo: “Queremos ver guerras terminadas”, ressaltou.

“Os curdos estão mais seguros hoje”, insistiu Trump. “Os curdos sabem lutar”, acrescentou. “Eles lutam junto a nós, pagamos muito dinheiro para lutarem conosco e está tudo bem”, disse ainda.

Os EUA se envolveram na guerra na Síria em setembro de 2014, meses depois que o grupo terrorista Estado Islâmico (EI) proclamasse um califado neste país e no Iraque.

Sua participação no conflito está dentro da estrutura da coalizão internacional contra o EI, liderada por Washington e que contou com a colaboração das milícias curdo-sírias para derrotar os jihadistas.

Nesta quarta, o governo turco confirmou que Erdogan se encontrará com Pence e Pompeo, mesmo tendo dito anteriormente que não falaria com eles, dando a entender que apenas se reuniria com Donald Trump.

Retirada não fortalece Irã

A retirada militar americana da Síria decidida por Trump não põe em risco a eficácia da estratégia de Washington para combater Teerã, afirmou nesta quarta-feira o enviado dos Estados Unidos ao Irã, Brian Hook.

Em audiência no Senado sobre a política iraniana, a oposição democrata acusou o presidente republicano de ter permitido, ao retirar todas as forças americanas do norte da Síria, que a república islâmica fortalecesse sua influência no país.

“Essa medida entrega as chaves da nossa segurança nacional ao presidente russo Vladimir Putin, ao Irã e ao regime sírio de Bashar Assad”, afirmou o líder dos senadores democratas na Comissão de Relações Exteriores, Bob Menendez.

Ele disse ainda que forças apoiadas por Teerã estavam preenchendo o “vazio” deixado pela partida dos americanos.

“A decisão do presidente sobre a Síria não mudará nossa estratégia iraniana ou sua eficácia”, respondeu Hook.

Segundo ele, esse esforço é principalmente diplomático e não requer uma presença militar americana no território sírio. “Nossas forças no nordeste da Síria nunca tiveram uma missão no Irã”, enfatizou.

 

Estadão Conteúdo

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