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Rússia abre processo criminal por fraude contra opositor envenenado

A acusação contra Navalni, entretanto, diz respeito a um suposto uso fraudulento de doações feitas a organizações sob seu controle para cobertura de despesas pessoais, como viagens ao exterior

Redação Jornal de Brasília

29/12/2020 19h10

Foto: Reuters

Uma semana depois de anunciar sanções contra autoridades de países europeus que identificaram a substância utilizada para envenenar Alexei Navalni, autoridades russas anunciaram nesta terça-feira (29) a abertura de um processo criminal contra o ativista crítico ao presidente Vladimir Putin.

A acusação contra Navalni, entretanto, diz respeito a um suposto uso fraudulento de doações feitas a organizações sob seu controle para cobertura de despesas pessoais, como viagens ao exterior.

De acordo com a denúncia do Comitê Investigativo da Rússia, órgão destinado à análise de crimes graves, o ativista e outros indivíduos não identificados teriam se apropriado de cerca de 356 milhões de rublos (cerca de R$ 25 milhões).

Em uma publicação no Twitter, Navalni escreveu que já esperava que o presidente russo tentasse colocá-lo na prisão depois de não conseguir matá-lo. “Putin está pessoalmente por trás de tudo. Ele é um ladrão, pronto para matar aqueles que se recusam a permanecer calados sobre seus roubos”, disse.

O Kremlin, por sua vez, tem negado todas as acusações contra o presidente russo. O próprio Putin disse, em sua tradicional entrevista anual que, se os serviços secretos da Rússia quisessem envenenar Navalni “provavelmente teriam acabado com ele”.

O opositor sofreu uma intoxicação em agosto, quando ajudava oposicionistas a se preparar para a eleição local em Tomsk, na Sibéria. O avião em que estava teve de fazer um pouso de emergência e, depois de discussões entre sua mulher e os médicos, ele foi transferido, em coma, para Berlim, onde permanece desde que teve alta, mais de um mês depois.

Na Alemanha, os médicos apontaram envenenamento por Novichok, uma substância neurotóxica cujo uso remonta aos espiões da União Soviética. Laboratórios independentes da França e da Suécia também chegaram à mesma conclusão e, por esse motivo, a Rússia anunciou na semana passada a imposição de sanções contra representantes da embaixadas dos três países.

Para Putin, o inquérito conjunto de veículos de imprensa que identificou uma equipe de assassinos do FSB, o principal serviço secreto russo, como responsáveis pelo envenenamento de Navalni, faz parte de uma conspiração apoiada pelos Estados Unidos para tentar desacreditá-lo. O presidente diz que o ativista não é importante o suficiente para ser um alvo.

Na segunda-feira (28), o serviço penitenciário da Rússia deu um ultimato a Navalni: caso ele não voltasse ao seu país de origem até o prazo determinado – a manhã desta terça – seria preso por violar uma pena suspensa que ele cumpre devido a uma condenação em 2014.

O blogueiro está cumprindo pena suspensa de três anos e meio de prisão devido a um caso de roubo que ele diz ter motivação política. Seu período de liberdade condicional expirará nesta quarta-feira (30).

Citando um artigo na publicação médica britânica The Lancet, o Serviço Prisional Federal disse que Navalni teve alta do hospital em Berlim no dia 20 de setembro e que todos os sintomas do que o órgão chamou de “sua doença” desapareceram em 12 de outubro.

“Portanto, o condenado não está cumprindo todas as obrigações que lhe são impostas pelo tribunal e está fugindo da fiscalização da Inspetoria Criminal”, disse o serviço penitenciário, em um comunicado.

As informações são da Folhapress

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