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Queda de mortes por Covid-19 na Bélgica põe Peru na liderança de óbitos per capita

O Brasil, para fins de comparação, com 60,61/100 mil, é o oitavo da lista, se desconsiderados San Marino e Andorra, cujas populações, 33.785 e 77.006

Redação Jornal de Brasília

08/09/2020 18h37

Sylvia Colombo
Buenos Aires, Argentina

O Peru, hoje o país com mais mortos devido à Covid-19 por 100 mil habitantes no mundo, enfrenta a crise gerada pela pandemia de coronavírus tanto em termos sanitários quanto econômicos.

Segundo dados da universidade Johns Hopkins, o país sul-americano, com uma taxa de 93,28 mortos por 100 mil habitantes, desbancou a Bélgica (86,75 óbitos/100 mil), líder desse ranking até o fim de agosto.

Desde o final do mês passado, no entanto, o Peru indica uma queda leve na cifra de mortes e uma diminuição mais acentuada na de infecções por coronavírus. E, há pouco mais de duas semanas, a barreira de 200 óbitos diários não é ultrapassada.

Assim, o Peru chegou ao topo do índice per capita também devido à redução drástica de mortes na Bélgica, que não registra mais de 10 mortes diárias desde 20 de agosto. No pico, em abril, o país europeu de 11,46 milhões de habitantes contou 321 óbitos em um único dia, número que o Peru nunca atingiu.

O Brasil, para fins de comparação, com 60,61/100 mil, é o oitavo da lista, se desconsiderados San Marino e Andorra, cujas populações, 33.785 e 77.006, são muito menores que as dos outros países pesquisados.

Apesar de ter sido o primeiro da América do Sul a fechar fronteiras e a adotar quarentena rígida, o Peru não conseguiu conter a pandemia. Até agora, contabiliza 29.976 mortos numa população de 31,9 milhões.

Se a crise sanitária agora dá sinais de melhora, o FMI (Fundo Monetário Internacional) projeta um cenário sombrio na economia. Prevê queda de 14% no PIB, marca que seria a maior retração de um país da América Latina em 2020. Além disso, 6,7 milhões de postos de trabalho foram extintos, número que corresponde a cerca de 40% do mercado formal.

A informalidade da economia do país –72,6% do mercado são compostos por trabalhadores sem carteira assinada–, por sua vez, foi um dos motores da disseminação do vírus, já que muitos, sem condições de respeitar as medidas de restrição, foram obrigados a sair de casa para trabalhar.

Contribuiu para o aumento dos números a concentração populacional em grandes cidades, como Lima, Arequipa e Piura, onde a população mais pobre mora em condições precárias, propícias para a aglomeração, além da existência de uma massa de trabalhadores transitórios, que vivem durante a semana nos grandes centros e retornam para suas comunidades regularmente.

Embora o governo tenha proibido o funcionamento do transporte público, muitos dessas pessoas, sem trabalho, caminharam até as suas residências, transformando-se em vetores do vírus ao interior do país.

Por fim, epidemiologistas apontaram as compras de alimentos em mercados públicos, prática comum que move parte da economia regional, principalmente nas regiões andinas de tradição indígena, como bolhas de contágio. O governo fechou a maioria dos locais, mas o movimento continuou de forma clandestina.

Mesmo o investimento do governo de Martín Vizcarra para aumentar o número de UTIs do débil sistema de saúde local, que tinha, no começou da pandemia, 250 leitos, não bastou. Hoje o Peru tem 1.200 unidades, número ainda baixo para atender os infectados que precisam de cuidados médicos.

Na região amazônica, o sistema de saúde saturou rapidamente, situação agravada pelas dificuldades da população local para ir de uma cidade a outra em busca de hospitais.

Segundo o Ministério da Saúde peruano, as zonas com mais incidências foram a costa pacífica –na região metropolitana de grandes cidades– e na parte amazônica do país. Alguns bairros superpovoados de Lima, como San Juan de Lurigancho, tiveram 18% de sua população contaminada.

Houve, também, grande número de profissionais da saúde infectados, devido à falta de equipamentos de proteção. No comunicado mais recente, a ministra Pilar Mazzetti informou que o setor público de saúde trabalha hoje com apenas 40% de seu pessoal.

O país ainda realizou 3,2 milhões de testes, marca que coloca o Peru na 18ª posição no ranking de exames em termos absolutos. Destes, porém, 82% foram por meio de estudos sorológicos, as chamadas provas rápidas, que são menos eficientes.

As informações são da FolhaPress

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