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Presidente interino no Peru, Manuel Merino renuncia após protestos

Peruanos celebraram sua renúncia, comemorando nas praças de Lima e buzinando em seus carros

Marcus Eduardo Pereira

15/11/2020 16h50

O presidente interino do Peru, Manuel Merino, renunciou neste domingo, seis dias após assumir o cargo, depois de protestos contra o governo deixarem mortos. “Eu apresento minha renúncia irrevogável”, disse Merino em discurso televisionado. “É hora de paz e unidade.”

Peruanos celebraram sua renúncia, comemorando nas praças de Lima e buzinando em seus carros.

O Congresso do Peru deve apontar um novo chefe de Estado. Merino assumiu o cargo na última terça-feira, após parlamentares retirarem do poder o então presidente Martin Vizcarra por acusações de corrupção, que ele nega. Merino era presidente do parlamento, e o próximo da linha de sucessão para o lugar de Vizcarra, que não tinha um vice-presidente.

A maioria dos peruanos se revoltou com a remoção de Vizcarra, vendo-a como uma tentativa de captura de poder dos parlamentares para a proteção de seus próprios interesses e para impedir investigações sobre suas próprias atividades.

Mais de 12 ministros do governo apresentaram suas renúncias após dois homens na casa dos 20 anos morrerem ontem e outras dezenas se ferirem quando a polícia reprimiu manifestações em Lima.

Merino negou que seu governo interino seja responsável pela pior crise política do país em duas décadas. Ele culpou políticos de oposição por organizar os protestos e disse que os peruanos que foram às ruas estavam frustrados após um dos piores surtos de covid-19 do mundo. Ele diz que jovens peruanos estavam protestando por raiva da falta de empregos, e não por oposição ao seu governo e à remoção de seu antecessor.

A economia peruana deve ter contração de 14% este ano, de acordo com o FMI, a maior queda em mais de um século.

Ao menos três pessoas morrem em protesto contra deposição de Vizcarra no Peru

Ao menos três pessoas morreram e outras ficaram feridas em protesto realizado no sábado, 14, em Lima em rejeição ao governo de Merino, que assumiu a presidência na terça-feira, 10, depois que o Congresso peruano removeu Martín Vizcarra sob a acusação de “incapacidade moral” como resultado de uma investigação fiscal por dois supostos subornos de US$ 600 mil quando ele era governador da região de Moquegua em 2014. O ex-presidente nega.

Como Vizcarra não tem vice-presidente, ele foi substituído por Manuel Merino, presidente do Congresso e integrante do grupo político de centro-direita Ação Popular (AP), decisão do Congresso que gerou surpresa, confusão e indignação em seu país, com protestos de cidadãos, além da rejeição de políticos, constitucionalistas, analistas e até representantes da Igreja Católica. Desde então, milhares de pessoas saíram às ruas de Lima e outras cidades em defesa de Vizcarra, um político sem partido ou bancada no Congresso, mas muito popular, e contra o governo Merino.

Os líderes do Congresso peruano fizeram uma reunião de emergência neste domingo, 15, para buscar uma saída para a crise política que eles próprios desencadearam quando demitiram o presidente Martín Vizcarra há seis dias e colocaram em seu lugar o chefe parlamentar Manuel Merino.

A reunião a portas fechadas dos chefes das nove bancadas parlamentares, segundo fontes legislativas, foi convocada pelo novo chefe do Congresso, Luis Valdez, que afirmou que a situação política no Peru é “insustentável”, depois da violenta repressão às massivas manifestações contra Merino, que deixaram dois mortos e 112 feridos, segundo autoridades sanitárias.

O presidente interino do Peru, Manuel Merino, renunciou neste domingo, 15, seis dias após assumir o cargo, depois de protestos contra o governo deixarem mortos. “Eu apresento minha renúncia irrevogável”, disse Merino em discurso televisionado. “É hora de paz e unidade.”

Milhares de peruanos participam dos considerados maiores protestos do país em décadas. No sábado, centenas de manifestantes, em sua maioria jovens, hastearam uma enorme bandeira peruana e cantaram o hino nacional na praça central de San Martín. Mais tarde, um bando de manifestantes encapuzados confrontou a polícia, atirando pedras e fogos de artifício contra eles, e as forças de segurança responderam com gás lacrimogêneo. A cidade ecoou com sirenes, gritos e gritos de manifestantes exigindo a remoção de Merino.

Embora os protestos vistos em Lima desde segunda-feira tenham sido em sua maioria de forma pacífica, dezenas de pessoas ficaram feridas em confrontos entre manifestantes e forças de segurança. A polícia usou gás lacrimogêneo e balas de borracha para controlar a agitação e grupos de direitos humanos disseram que o uso da força foi excessivo.

Apesar dos conflitos, o primeiro-ministro do Peru, Ántero Flores-Aráoz, afirmou que permanecerá no cargo por “lealdade” ao presidente Manuel Merino, apesar da renúncia da maioria de seus ministros.

“Se o presidente for embora, é claro que irei com ele, mas ele tem minha lealdade e não posso deixá-lo sozinho”, disse Flores-Aráoz em entrevista ao RPP Notícias. No entanto, o chefe de gabinete indicou que estava tentando se comunicar com Merino, mas não sabia “o que estava fazendo”.

Quando questionado por jornalistas o que ele pediria ao presidente, o primeiro-ministro simplesmente disse “para atender o telefone”. Além disso, negou saber que vários ministros já haviam tornado pública a sua renúncia por não a terem comunicado e, por isso, os convocou para uma reunião de emergência.

“Você tem que ter dignidade e eu tenho, se ele (Merino) ficar, estou com ele, se ele for embora, eu vou com ele”, repetiu o ex-legislador veterano em entrevista que logo gerou risadas e desprezo massivo nas redes sociais.

Flores-Aráoz informou que horas antes esteve com Merino revisando “toda a situação de violência que ocorria nas ruas” no sábado durante as manifestações. Acrescentou que decidiram “realizar uma investigação muito aprofundada” porque havia “informações não corroboradas e contraditórias” sobre os graves incidentes ocorridos no protesto contra o governo.

Fonte: Dow Jones Newswires.

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