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ONU pede que Israel mude decisão ‘ilegal’ e ‘perigosa’ de anexar terras da Cisjordânia

“Peço com insistência a Israel que escute seus próprios ex-funcionários e generais, assim como várias vozes no mundo, como advertência para não seguir por esta via perigosa.”

Redação Jornal de Brasília

29/06/2020 13h33

Israeli Prime Minister Benjamin Netanyahu attends the weekly cabinet meeting at his office in Jerusalem, Israel, Sunday, May 5, 2019. (Abir Sultan/Pool Photo via AP)

São Paulo, SP

A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, considera ilegal e perigoso o projeto israelense de anexação da Cisjordânia e destacou que as consequências “durarão décadas”.

“A anexação é ilegal. Ponto final”, disse Bachelet por meio de um comunicado nesta segunda-feira (29). “Qualquer anexação. De 30% ou de 5% da Cisjordânia”.

“Peço com insistência a Israel que escute seus próprios ex-funcionários e generais, assim como várias vozes no mundo, como advertência para não seguir por esta via perigosa.”

Bachelet disse que as “ondas expansivas da anexação durarão décadas e serão extremamente prejudiciais para Israel, assim como para os palestinos”. Segundo ela, ainda há tempo para modificar a decisão.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel acusou Bachelet de preconceito e disse, em resposta, que não surpreende que ela tenha feito suas observações antes de “qualquer decisão ser tomada”.

A declaração de Bachelet se soma à oposição internacional que aumentou nas últimas semanas. Líderes palestinos, Nações Unidas, potências europeias e países árabes aliados a Israel são contra qualquer anexação de terras que as forças israelenses capturaram em 1967.

Em janeiro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apresentou, ao lado do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, seu projeto de resolução para o conflito israelense-palestino, partindo da situação atual e não, como acontecia até então, do direito internacional e das resoluções da ONU.

Esse plano prevê a criação de um Estado palestino em um território restrito e fragmentado, assim como a anexação, por parte de Israel, de várias colônias e do Vale do Jordão, na Cisjordânia ocupada, um território palestino a 50 quilômetros de Gaza.

A proposta -já rejeitada por Autoridade Nacional Palestina (ANP), organizações internacionais e países europeus- pode entrar na pauta do governo a partir de quarta-feira (1°) e, depois, ser levada a votação no Knesset, o Parlamento de Israel.

O projeto, entretanto, já provocou uma série de problemas geopolíticos e ameaça o novo governo de união nacional, formado a duras penas após um ano e três eleições no país.

Nesta segunda, o ex-rival e principal parceiro de coalizão de Netanyahu, Benny Gantz, sinalizou sua oposição aos planos de anexação.

Entretanto, de acordo com um porta-voz do partido de Netanyahu, o premiê israelense disse que as próximas etapas do projeto não dependem do apoio de Gantz.

Gantz, pessoalmente, não é totalmente contrário a algum tipo de extensão de lei israelense à Cisjordânia. Mas defende apenas uma anexação do Vale do Rio Jordão, que considera estratégica, e não um processo mais amplo, ao menos sem a contrapartida imediata da criação de um Estado palestino.

Citado por um assessor a autoridades dos EUA nesta segunda, Gantz afirmou que a data prevista para o início das discussões no governo israelense -1º de julho- “não é sagrada”.

O principal argumento para um possível adiamento é a crise causada pelo novo coronavírus em Israel.
“O que não está relacionado ao corona vai esperar até o dia depois do vírus”, disse Gantz, que estima um cenário de crise por mais 18 meses.

As informações são da FolhaPress

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