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Milionários russos viajam de jatinho para evitar confinamento

Para os russos mais endinheirados, viajar de jatinho para Londres, Chipre, Mônaco ou Nice é como pegar um táxi

Redação Jornal de Brasília

22/07/2020 8h43

Longe de entrincheirar-se em suas mansões, os milionários russos, acostumados a passar o verão no exterior, conseguem deixar o país em aviões particulares, apesar do fechamento das fronteiras, para passar férias quase normais em tempos de pandemia.

Para os russos mais endinheirados, muitos com passaporte ou visto de residência estrangeiro, viajar de jatinho para suas residências secundárias em Londres, Chipre, Mônaco ou Nice é como pegar um táxi.

O mesmo vale para helicópteros, que muitos milionários usam para se locomover dentro da Rússia

Segundo o jornal econômico RBK, o número desses voos mais que dobrou entre abril e meados de junho nos aeroportos de Moscou, passando de 400 para 850 por mês. E em quase metade dos casos, é para um destino internacional.

Para evitar o fechamento das fronteiras imposto desde o final de março, precisa de dupla cidadania ou autorização de residência no exterior, algo bastante comum entre os empresários. Ou, pelo menos, um documento que justifique um imperativo profissional ou de saúde.

Quem não tem um avião particular pode alugar um. A locadora ainda cuida da documentação administrativa para obter autorização da agência de aviação Rosaviatsia.

Nos escritórios da LCT, uma empresa privada de aluguel de aeronaves privadas, as ligações não param. Recebemos “mais de 50 por dia”, diz o diretor-geral Lev Chalayev.

“Muitos ex-clientes da classe executiva vieram para o nosso mercado. Os destinos mais populares são Nice, Málaga, Alicante, Barcelona… Itália e Espanha. E, claro, Chipre”, terra de boas-vindas para muitos russos e suas empresas.

“Hoje, a maioria dos viajantes viaja de férias”, acrescenta.

Para aviões com capacidade para 13 pessoas, o preço, dependendo do destino, começa em 4.000 euros (US$ 4.600).

Ainda existem voos de companhias aéreas para deixar a Rússia, mas são poucos e muito caros.

“Desde junho, os russos podem voar para o exterior por razões médicas”, lembra Anastasia Dagayeva, especialista em aviação. “O turismo médico está se desenvolvendo. Por exemplo, você pode enviar um pedido de tratamento em uma clínica na Espanha e ir para a Espanha”, acrescenta.

A estrela de televisão Ksenia Sobchak contou no Instagram como seus amigos escapam da Rússia. “Nossos amigos já foram para o mar há muito tempo, com passaporte estrangeiro ou por razões ‘médicas'”, escreveu.

Segundo Lev Chalayev, é provável que o boom do setor continue na Rússia, mesmo após a reabertura das fronteiras.

“Muitas pessoas planejam usar nossos serviços permanentemente no futuro, porque estão em contato com menos pessoas” e, assim, reduzem o risco de contágio, diz.

O medo da doença alimentou outra forma de transporte para destinos mais próximos. Cerca de 20 quilômetros ao norte de Moscou, a HeliTech recebe seus clientes em uma sala perto dos hangares de helicópteros.

De acordo com o diretor-geral Victor Martinov, seu grupo registrou um crescimento de 30% nas vendas de aparelhos de uso privado desde o início do ano: “Os clientes consideram o helicóptero como um meio de transporte seguro, para evitar a COVID-19”.

No passado, os empresários usavam helicópteros para fins profissionais, por exemplo, para ir a uma fábrica para evitar engarrafamentos, mas os novos clientes o fazem principalmente por lazer.

Dependendo do modelo, um helicóptero custa entre US$ 50.000 e US$ 1,2 milhão.

Para os menos ricos, também é possível voar para Minsk, capital da Bielorrússia, ou Belgrado, na Sérvia, ambos de fácil acesso, e depois continuar para um destino turístico que aceite cidadãos russos.

Agence France-Presse

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