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Mundo

Máscaras fabricadas em casa são eficazes?

Os médicos lembram que seu uso não deve reduzir as medidas de barreira, como lavar as mãos

Redação Jornal de Brasília

30/03/2020 16h34

CORONAVÍRUS

Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

É preferível usar uma máscara caseira para não cobrir o rosto? Apesar da falta de dados científicos, alguns médicos defendem essa opção, principalmente para evitar infectar outros quando estão doentes com o Covid-19.

“Muita gente pensa que usando uma máscara se protege contra o contágio, já que isso reduz as fontes de transmissão”, disse à AFP o Dr. KK Cheng, especialista em saúde pública da Universidade de Birmingham.

A autoproteção “funciona se todo mundo usa uma e, nesse caso, uma máscara muito básica é suficiente, pois um pedaço de pano pode bloquear” as gotículas de saliva que um paciente projeta, acrescenta. “Não é infalível, mas é melhor do que nada”.

No caso do coronavírus, essa medida é ainda mais importante, pois muitas pessoas são assintomáticas e a transmitem sem saber, lembra Cheng.

Mas, ao mesmo tempo, faltam dados científicos para demonstrar sua eficácia.

“Não sabemos muito bem se as máscaras faciais caseiras reduzem a transmissão, houve pouca pesquisa a respeito”, disse à AFP Benjamin Cowling, epidemiologista da Universidade de Hong Kong.

Em 2013, um estudo da Universidade de Cambridge concluiu que, no caso de uma pandemia de gripe, essas proteções devem ser usadas como “último recurso”.

Os médicos também lembram que seu uso não deve reduzir as medidas de barreira, como lavar as mãos.

Escassez 

O fato de o uso generalizado de uma máscara não ser necessário em muitos países europeus após o surto da pandemia surpreendeu a Ásia.

“O grande erro nos Estados Unidos e na Europa é que as pessoas não usam máscaras”, disse Gao Fu, chefe do Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças, em entrevista à revista Science na sexta-feira.

“Colocar uma máscara não faz parte da cultura ocidental”, argumenta Cheng, que também destaca que as autoridades podem ter evitado recomendar seu uso geralizado para impedir que a população recorressem às máscaras cirúrgicas reservadas a funcionários de saúde.

“Há uma incrível escassez” desses produtos, diz o pneumologista francês Nicolas Hutt, ecoando um problema que ocorre em outros países europeus, como a Espanha.

Hutt também convida a população a usar “máscaras alternativas, artesanais ou especializadas para a indústria”.

Telas

“Basicamente, elas atuam como telas antiprojeções” quando usadas pela população, diz este médico.

Tutoriais caseiros podem ser facilmente encontrados online, às vezes até procedentes de hospitais.

Nos últimos dias, vários países da Europa mudaram sua posição oficial: na Eslovênia e na República Tcheca é obrigatório usá-las e a Áustria anunciou na segunda-feira que quer vendê-las nos supermercados.

Até marcas de luxo estão envolvidas: Saint Laurent, Gucci, Balenciaga e Chanel anunciaram sua intenção de fabricar máscaras em suas fábricas.

© Agence France-Presse

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