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Líderes mundiais buscam respostas concretas à pandemia, que afeta mais de 1,5 milhão de pessoas

Ministros das Finanças europeus tentarão esta tarde aproximar suas posições e obter resposta econômica comum à crise da saúde

Redação Jornal de Brasília

09/04/2020 10h07

Os líderes mundiais tentam, nesta quinta-feira (9), diminuir suas diferenças para fornecer respostas concretas à pandemia de coronavírus, que já infectou mais de 1,5 milhão de pessoas em todo o mundo e avança rapidamente nos Estados Unidos.

Os ministros das Finanças europeus tentarão esta tarde aproximar suas posições e obter uma resposta econômica comum à crise da saúde, após uma primeira reunião que terminou em fracasso.

Os países do norte, especialmente Holanda e Alemanha, e do sul se enfrentam sobre uma possível mutualização da dívida.

A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, pediu que os 27 negociem “lado a lado” para responder à crise com medidas orçamentárias.

Na esfera diplomática, o Conselho de Segurança da ONU tentará esquecer suas divisões, especialmente no que se refere às relações sino-americanas, em uma videoconferência a portas fechadas dedicada à COVID-19, a primeira desde o início da pandemia.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, enfatizou que é “o momento da união”, e não de críticas, depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, censurou a administração da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Outra reunião importante nesta quinta-feira é a de membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e seus aliados, liderados pela Rússia, que enfrentam importantes quedas no preço do petróleo devido à pandemia e à redução brutal da demanda.

Segundo o ministro do Petróleo do Kuwait, Khaled al-Fadhel, o objetivo é “restaurar o equilíbrio do mercado e evitar novas quedas de preços”, e é por isso que planejam reduzir a produção entre 10 e 15 milhões de barris por dia.

Enquanto isso, a pandemia não dá trégua e o patógeno continua a se espalhar.

Do total de 1,5 milhão de infectados, quase 89 mil morreram, segundo uma contagem da AFP estabelecida nesta quinta-feira com base em fontes oficiais.

“Luz no fim do túnel” 

Os Estados Unidos (432.132 casos e 14.817 mortes) são o país com mais infecções e onde a doença progride mais rapidamente.

Em Nova York, o epicentro do surto nos EUA, um recorde de 779 mortes foram registradas em 24 horas, mas o governador Andrew Cuomo disse que a curva epidêmica parece estar se achatando.

“Com sorte vamos para a última etapa, para a luz no fim do túnel”, disse o presidente Donald Trump.

Na Europa, Itália e Espanha continuam liderando a lista dos países mais atingidos pela tragédia.

O saldo diário espanhol reduziu nesta quinta-feira, após dois dias consecutivos de alta, com 683 óbitos em 24 horas. Mas o número total de mortes excedeu a marca simbólica de 15.000.

As autoridades de saúde destacam há dias que a Espanha já ultrapassou o pico de infecções, mas continuam pedindo à população que respeite as medidas de distanciamento social, a fim de “achatar a curva” da epidemia.

A Itália, com 139.422 casos e 17.669 mortes, é o país com o maior número de mortes no mundo.

Uma notícia positiva, um bebê de dois meses, provavelmente o paciente mais jovem com COVID-19 na Itália, recebeu alta nesta quinta de um hospital na cidade de Bari depois de ter superado a doença.

No Reino Unido, 938 mortes foram registradas em 24 horas, enquanto o primeiro-ministro Boris Johnson permanece em terapia intensiva, embora “continue melhorando”, segundo afirmou seu porta-voz nesta quinta-feira.

“O primeiro-ministro teve uma boa noite e sua saúde continua melhorando na unidade de terapia intensiva do Hospital St. Thomas”, declarou.

Semana Santa inédita 

A partir desta quinta-feira, milhões de cristãos confinados nos cinco continentes celebrarão a Semana Santa em circunstâncias inéditas.

Sem os fiéis, o papa Francisco celebrará no Vaticano a missa da Quinta-feira Santa, na qual é lembrada a Última Ceia de Jesus, um dos momentos mais importantes do ano litúrgico.

Devido ao coronavírus, o pontífice argentino não poderá realizar o ritual do lava-pés.

As autoridades dos países mais fervorosos insistiram que durante os próximos dias, em que as famílias se reúnem tradicionalmente, as instruções de confinamento devem ser respeitadas mais do que nunca.

Na Espanha, os fiéis recorrem à tecnologia para essa Semana Santa. As procissões, uma tradição muito forte no país, passaram para as redes sociais para que os crentes possam reviver a Paixão de Cristo.

500 milhões de pessoas 

Na América Latina e no Caribe, 1.814 mortes e cerca de 45.000 casos foram registrados.

O Brasil é o país mais atingido da região, com 800 mortes e 15.927 casos declarados, segundo os últimos dados do Ministério da Saúde.

Na quarta-feira, as autoridades confirmaram um primeiro contágio na etnia yanomami, uma comunidade indígena da Amazônia que esteve isolada do mundo até meados do século XX e é especialmente vulnerável a doenças.

O governo do Equador, o segundo país mais afetado da região, anunciou que punirá as violações da quarentena com prisão.

Na cidade equatoriana de Guayaquil, considerada a cidade latino-americana mais atingida pela COVID-19, um voo que repatriaria 300 europeus para Paris ficou retido devido a um problema técnico.

A ONG Oxfam alertou que 500 milhões de pessoas em todo o mundo podem cair na pobreza devido à pandemia se planos de ajuda não forem adotados.

“Isso pode constituir um declínio global de 10 anos na luta contra a pobreza e um declínio de 30 anos em regiões como a África Subsaariana, o Oriente Médio ou o Norte da África”, de acordo com o relatório “O preço da dignidade”.

“Os pobres não têm renda, não têm nada de economias”, disse Maria de Fátima Santos, aposentada em uma favela no Rio de Janeiro, onde essas comunidades superlotadas vivem com medo de uma explosão de casos de coronavírus.

© Agence France-Presse

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