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Itália inicia reabertura para criar ‘nova normalidade’

Apesar das pressões de governadores de oposição, de comerciantes e até de parte da base aliada, o primeiro-ministro Giuseppe Conte preferiu ser cauteloso nas flexibilizações

Redação Jornal de Brasília

04/05/2020 9h35

Com a desaceleração da pandemia de coronavírus, a Itália iniciou nesta segunda-feira (4) um cronograma de reabertura gradual das atividades sociais e produtivas para tentar construir uma espécie de nova normalidade e se adaptar à convivência com o Sars-CoV-2.

Apesar das pressões de governadores de oposição, de comerciantes e até de parte da base aliada, o primeiro-ministro Giuseppe Conte preferiu ser cauteloso nas flexibilizações, temendo que um eventual recrudescimento nos contágios force um recuo nas medidas de reabertura.

A principal novidade do ponto de vista social á a liberação de visitas a parentes ou relações amorosas, desde que respeitadas normas de distanciamento físico e de higiene e que seja dentro da mesma região. Uma pessoa que mora na Lombardia, por exemplo, não pode visitar seus pais no Vêneto.

O governo também permitiu a reabertura de parques e a prática de atividades esportivas longe da própria casa, bem como sessões de treinamento de atletas profissionais de forma individual. Clubes de futebol podem abrir seus CTs para os jogadores se condicionarem individualmente, mas treinos coletivos só serão autorizados a partir de 18 de maio.

No campo produtivo, o governo reabriu os setores de manufatura, construção civil e o comércio por atacado necessário para essas duas atividades. Já o varejo voltará ao trabalho em 18 de maio, bem como museus e bibliotecas.

Restaurantes agora podem funcionar com serviços de comida para viagem, mas só devem receber clientes para consumo no local a partir de junho. Funerais também estão permitidos, condicionados ao limite de 15 participantes, à medição da temperatura corporal e ao uso de máscaras.

Um dos dramas da pandemia na Itália foi o das milhares de vítimas enterradas sem serem veladas por suas famílias. O jornal La Repubblica estima que cerca de 4,5 milhões de pessoas voltaram ao trabalho nesta segunda-feira.

Algumas regiões foram ainda mais longe, como a Calábria, que autorizou a reabertura total de bares e restaurantes, mas o governo vai contestar a medida na Justiça.

Efeitos

Na capital Roma, o fluxo de pessoas nas estações de trem e metrô e de carros nas ruas aumentou em relação às últimas semanas, mas sem causar grandes aglomerações. A Prefeitura colocou drones para sobrevoar parques e evitar concentrações de cidadãos e obrigou o uso de máscaras em lugares fechados que recebem público e nas conversas a céu aberto.

Na igreja de San Martino ai Monti, apenas 15 pessoas – todas de máscaras – puderam participar do funeral de um idoso de 85 anos morto em 1º de maio. “Para nós, poder fazer o funeral é um alívio, mesmo que com poucas pessoas”, disse um familiar.

O tráfego também aumentou em Milão, principal polo financeiro da Itália, mas sem grandes transtornos, e estações de trem e metrô apresentam movimentação típica de feriados. “Tudo está correndo bem. Eu esperava um caos, mas todos os passageiros estão se mostrando responsáveis, e não há um grande fluxo de pessoas”, disse um condutor de trem de uma linha que atravessa a capital da Lombardia.


Na mesma região, a província de Bergamo, um dos epicentros da pandemia na Itália, começou a despertar lentamente de um pesadelo de cemitérios e hospitais lotados, sirenes de ambulância ininterruptas e filas de caminhões do Exército para remover corpos.

“Pouco a pouco, vamos recomeçar, mas esses dois meses de fechamento nos fizeram muito mal psicologicamente e economicamente”, disse Pierpaolo Arnoldi, dono de uma livraria bergamasca. “As pessoas precisam voltar à normalidade, ainda que muitos tenham medo. Eu também tenho e estou atenta”, reforçou a proprietária de um quiosque de flores.

A Itália é um dos países mais atingidos pela pandemia do novo coronavírus, com 210,7 mil casos e 28,9 mil mortes, mas os números apresentam tendência de queda há mais de um mês. Segundo o governo, as próximas flexibilizações na quarentena serão condicionadas à redução dos contágios. (ANSA)

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