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Irã enriquece urânio quase 8 vezes o limite autorizado, informa agência

De acordo com as conclusões dos inspetores, a quantidade acumulada por Teerã em 20 de maio era de 1.571,6 quilos de urânio enriquecido, em vez dos 202,8 quilos autorizados pelo acordo

Redação Jornal de Brasília

05/06/2020 18h32

Foto: Agência Brasil

São Paulo, SP

As reservas de urânio enriquecido do Irã – material que, em altas quantidades, pode ser usado na produção de armas nucleares– excederam quase oito vezes o limite autorizado pelo acordo nuclear de 2015, informou a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) nesta sexta (5).

De acordo com as conclusões dos inspetores, a quantidade acumulada por Teerã em 20 de maio era de 1.571,6 quilos de urânio enriquecido, em vez dos 202,8 quilos autorizados pelo acordo. O país saiu do acordo em janeiro.

A AIEA também expressou “profunda preocupação” com a falta de acesso a duas instalações iranianas que a agência deseja inspecionar como parte de sua missão de verificar as atividades nucleares de Teerã. A negativa de acesso ocorre há mais de quatro meses, segundo o relatório.

Segundo diplomatas, esses dois lugares são observados pela AIEA desde antes da assinatura do acordo nuclear de 2015.

Um destes locais –que teria passado por um processo de higienização para ocultar atividades nucleares – teria abrigado urânio natural, na forma de um disco de metal, no início dos anos 2000. O outro passou por “mudanças significativas, incluindo a demolição da maioria das construções”, informa o relatório.
De acordo com agências de inteligência dos EUA e a AIEA, o país persa teve um programa secreto de armas nucleares, o qual interrompeu em 2003.

“O diretor geral da AIEA pede ao Irã que coopere imediatamente com a agência, inclusive fornecendo acesso imediato aos locais especificados”, afirmou o comunicado.

O Irã indicou em novembro de 2019 que estava enriquecendo urânio a 5%, acima do limite permitido pelo acordo, em uma usina subterrânea no distrito de Fordo.

O acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano assinado em 2015 limitava o enriquecimento de urânio com isótopos 235 a um máximo de 3,67%. Ainda segundo o texto, o país não tinha direito de realizar atividades de enriquecimento em Fordo, uma usina subterrânea que, durante muito tempo, foi mantida em segredo.

A taxa de 5% é inferior à de 20% de enriquecimento que o Irã chegou a produzir e está longe da de 90% necessária para a fabricação de uma bomba atômica.

O governo iraniano anunciou em janeiro deste ano que o país estava deixando de cumprir as exigências do acordo de 2015, colocando assim um ponto final no pacto.

O Irã começou a violar o acordo depois que os EUA se retiraram do pacto em maio de 2018, afirmando que o tratado não impedia Teerã de desenvolver armas atômicas. Em seguida, Washington impôs pesadas sanções econômicas contra Teerã.

O enriquecimento de urânio Urânio-235 (U-235)

Usado para produção de energia e para construção de armas. Contudo, o urânio extraído da natureza é composto majoritariamente de urânio-238 (U-238)

Enriquecimento

Processo no qual se aumenta a concentração do U-235. O método mais usado são as centrífugas, que separam os dois tipos de urânio pela pequena diferença de massa entre eles: o 235 é ligeiramente mais leve

3% a 5%

É o enriquecimento de urânio-235 usado para produção de energia

90% ou mais

Enriquecimento usado em armas nucleares. Urânio com menor nível de enriquecimento também pode ser usado para produção bélica, mas quanto menor a taxa de enriquecimento, mais urânio é necessário.

As informações são da FolhaPress

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