A encarregada de Negócios do Brasil no Irã, Maria Cristina Lopes, foi convocada pela chancelaria do país para um diálogo. Segundo informações do jornal O Globo, o país do Oriente Médio quer explicações sobre o posicionamento brasileiro a respeito dos ataques dos Estados Unidos contra o general Qasem Soleimani.
O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) confirma a informação, mas não divulgou o teor da conversa. Afirma apenas que o diálogo “transcorreu com cordialidade, dentro da usual prática diplomática.”
“Flagelo do terrorismo”
Na última sexta, dois dias após a morte de Soleimani, o Itamaraty emitiu nota manifestando apoio ao ataque. A pasta chamou o ocorrido de “luta contra o flagelo do terrorismo”. O texto não cita diretamente o nome do general, mas afirma que o Brasil se dispõe a “participar de esforços internacionais que contribuam para evitar uma escalada de conflitos neste momento”.
A nota afirma também que o “Brasil condena igualmente os ataques à Embaixada dos EUA em Bagdá, ocorridos nos últimos dias, e apela ao respeito da Convenção de Viena e à integridade dos agentes diplomáticos norte-americanos reconhecidos pelo governo do Iraque presentes naquele país”.
Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro chegou a dizer, antes de o Itamaraty divulgar a nota, que o Brasil não se manifestaria sobre o assunto por não ter “poderio bélico”. Bolsonaro afirmou ainda que conversaria com autoridades americanas porque os dois países são aliados em muitas questões. “Eu não tenho o poderio bélico que o americano tem para opinar neste momento. Se tivesse, eu opinaria”, afirmou o presidente na ocasião.
Aumento no petróleo
Um dos efeitos da crise entre Estados Unidos e Irã foi o aumento no preço do barril de petróleo. No Brasil, Bolsonaro tem afirmado que o governo não vai interferir no preço dos combustíveis, mas que a alta é o que “mais preocupa” neste momento. Nesta segunda-feira, o presidente se reuniu com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e com o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco.
Após o encontro, Castelo Branco disse que há “liberdade total” no Brasil para os preços de derivados de petróleo, como os combustíveis. Já Bento Albuquerque afirmou que o governo estuda medidas para evitar impactos dessas crises externas no mercado de petróleo. Segundo o ministro, o pedido foi feito pelo presidente Bolsonaro após os ataques a refinarias de petróleo da Arábia Saudita, em setembro do ano passado.
“Acredito que em pouco tempo teremos uma resposta rápida para que o País não fique refém de cada crise de petróleo que acontece no mundo, a gente tem de ter os instrumentos para combater isso. Se o País tiver os instrumentos, as políticas corretas para utilizar, vai dar muita tranquilidade ao mercado, aos investimentos e também aos consumidores”, disse.
O ministro, no entanto, não detalhou quais seriam esses mecanismos. Questionado sobre a possibilidade de um subsídio para compensar a alta do petróleo, Bento afirmou que a opção também está em análise. “Subsídio não seria a palavra adequada. Uma compensação seria a palavra mais adequada”, declarou. “Temos de criar, talvez, mecanismos compensatórios que compensem esse aumento sem alterar o equilíbrio econômico do País. Que isso não gere inflação, mas também não frustre expectativa de receitas”, afirmou o ministro.
Com agência