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Exposição em Nova York detalha a caçada a Osama bin Laden

Intitulada “Revealed: The Hunt for Bin Laden” (Revelada: A Caçada de Bin Laden”, em tradução livre) explora as grandes etapas da captura do terrorista

Lindauro Gomes

15/11/2019 9h48

Da Redação
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Uma maquete precisa do complexo residencial no Paquistão onde Osama bin Laden se escondia, uma foto da caminhonete 4×4 de um dos principais mensageiros do líder da Al-Qaeda, as dúvidas de Barack Obama antes de aprovar o ataque ao esconderijo do terrorista: uma exposição em Nova York revisa os 10 anos da caçada do mentor dos ataques mais sangrentos da história americana e comemora a tenacidade dos serviços de Inteligência americanos.

Intitulada “Revealed: The Hunt for Bin Laden” (Revelada: A Caçada de Bin Laden”, em tradução livre), a exposição inaugurada nesta sexta-feira (15) no museu dedicado ao atentados de 11 de setembro de 2001, explora as grandes etapas da captura do homem perseguido por uma década pelos serviços de Inteligência dos Estados Unidos.

A caçada culmina na madrugada de 2 de maio de 2011, com a operação “Gerônimo” e a eliminação do autor intelectual dos ataques que reduziram o World Trade Center a cinzas e mataram quase 3.000 pessoas.

Mas não há grandes revelações nesta exposição, que ficará em cartaz até maio de 2021, principalmente nada sobre possíveis colaborações entre as inteligências paquistanesa e americana e fontes de informações conflitantes.

Mas em cerca de 60 objetos – alguns apreendidos na cidade-refúgio – e em dezenas de fotos e vídeos, o visitante pode vislumbrar o trabalho de formiguinha dos serviços de Inteligência sem deixar vestígios desde a fuga do líder da Al-Qaeda das montanhas de Tora Bora, no Afeganistão, no final de 2001, até a identificação de seu mensageiro, Abu Ahmed al Kuwaiti, e seu jipe em Peshawar, em 2010.

Foi ele quem levou os agentes americanos à cidade de Abbottabad, a 80 km de Islamabad, e à luxuosa residência de três andares, onde um indivíduo marchava diariamente 100 passos regularmente, como um prisioneiro.

Os americanos o apelidaram de “The Walker” (O Andarilho), antes de terem quase certeza de que se tratava realmente de Bin Laden.

A exposição privilegia a história humana desta operação, através de várias entrevistas: dos principais oficiais que autorizaram o ataque aos membros do comando do Navy Seal (forças especiais da Marinha dos EUA) que entraram na cidade, passando pelos agentes que, anonimamente, dizem ter percebido que, para pegar Bin Laden, era preciso seguir as pessoas que podiam ajudá-lo.

– Primeira fila da História –

As entrevistas refletem “as reflexões dos responsáveis envolvidos” e os dilemas a serem resolvidos antes de decidir enviar um comando para atacar a residência, destaca Alice Greenwald, presidente do museu.

A exposição mostra “a dificuldade de tomar decisões”, “a gravidade do ônus que elas representam”, explica.

“Ouvir os envolvidos é como estar na primeira fila da História”, acrescenta.

Após 11 de setembro de 2001, os serviços de Inteligência dos EUA foram criticados por suas rivalidades internas, o que os impediu de compartilhar informações cruciais para desativar os ataques.

Mas eles acabam glorificados nesta história, que celebra sua unidade recuperada e tenacidade.

É possível ver especialmente o boné rasgado de um deles, depois de ter sido ferido por estilhaços de uma bomba lançada por um agente duplo em uma reunião na qual os americanos esperavam novas informações sobre Bin Laden.

Ou um quadro comemorativo, que por muito tempo ficou pendurado na parede do escritório do FBI no Afeganistão, assinado por todos os agentes que participaram da caçada e agora é preservado como troféu em Washington.

Segundo Clifford Chanin, vice-presidente do museu, a organização da exposição levou três anos de trocas de informações com agências de Inteligência, durante as quais muitas vezes perguntaram “até que ponto vocês aceitariam contar a verdadeira história dessa missão secreta?”

“Não sabíamos o que eles não podiam nos dizer… Mas sabíamos que poderíamos ir além do que qualquer outra pessoa, por causa dos objetos que eles nos emprestaram e do acesso que tivemos às pessoas envolvidas”, explicou.

O anúncio da morte de Bin Laden, feito pelo presidente Barack Obama em 1º de maio de 2011, foi recebido com cenas de júbilo nos Estados Unidos e especialmente em Nova York, onde houve mobilizações espontâneas na Times Square e nos arredores do World Trade Center.

Para muitos americanos, a exposição pode ser a ocasião para reviver esse momento.

“É realmente impressionante para mim ver o trabalho e os esforços das Forças Armadas e dos serviços de Inteligência em nome de nossos familiares”, afirma Patricia Reilly, cuja irmã morreu no 101º andar de uma das Torres Gêmeas, e por isso ela foi uma das primeiras pessoas a ver a exposição.

“Tudo isso me desperta o sentimento de gratidão que tive no dia em que o presidente [Obama] anunciou que haviam matado Bin Laden”, explicou. “Esperamos muito tempo para que a justiça fosse feita”, conclui.

Agence France-Presse

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