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Mundo

Escassez faz Espanha suspender aplicação de 1ª dose de vacina

Segundo o anúncio feito nesta quarta (27), o objetivo é garantir a segunda dose no prazo correto, para os que já foram vacinados

Redação Jornal de Brasília

27/01/2021 14h28

Ana Estela de Sousa Pinto
Bruxelas, Bélgica

A região de Madri suspendeu por duas semanas a administração da primeira dose de vacinas a seus grupos de risco, por falta de imunizantes. Segundo o anúncio feito nesta quarta (27) pelo governo regional, o objetivo é garantir a segunda dose no prazo correto, para os que já foram vacinados.

A região é a segunda da Espanha a parar a vacinação de novas pessoas por falta de imunizantes, depois da Cantábria (no norte do país). O governo regional diz ter recebido metade das doses habituais na última semana e enfrentar restrições também nesta semana e na próxima. De acordo com dados do Ministério da Saúde espanhol, há quase 163 mil vacinações pendentes no país.

A falta de vacinas está atrasando a imunização em várias partes da União Europeia, e alguns países, como a Dinamarca, optaram por seguir a estratégia do Reino Unido e atrasar a administração da segunda dose, para vacinar o maior número de pessoas com a primeira. Com isso, o país escandinavo é o que mais doses por habitante aplicou até agora, 3,7/100 pessoas (contra 2,8 na Espanha). O Reino Unido, que começou cerca de três semanas antes, já aplicou 11 doses/100 pessoas.

Em parte, a vacinação espanhola foi afetada pela tempestade de neve das últimas semanas, que bloqueou estradas e prejudicou a distribuição e a administração. Além disso, a Pfizer avisou no dia 15 que reduziria o fornecimento porque precisa reformar sua linha para aumentar a capacidade de produção.

A Espanha está na primeira fase de seu programa, cuja prioridade são idosos que moram em asilos, profissionais de saúde e maiores de 80 anos. De acordo com o governo regional de Madri, até esta segunda (25) a primeira dose já havia sido aplicada em 94% das residências de idosos e 79% dos profissionais de rede pública de saúde. Outras 11 mil doses foram dadas a funcionários de centros privados de saúde.

Apesar dos percalços, a Espanha já injetou mais imunizantes que vizinhos maiores na Europa, como a Alemanha (2,3/100) e a França (1,8/100). Embora a Alemanha seja sede da BioNTech (parceira da Pfizer na primeira vacina aprovada pela UE) e fabricante do produto, sua campanha também foi afetada pela escassez de ampolas e hospitais precisaram suspender a imunização de seus funcionários. Na França, a autoridade de saúde recomendou neste final de semana adiar a administração da segunda dose, para tentar acelerar seu programa de vacinação.

Já Boris Johnson, amparado por seu primeiro sucesso relativo no combate à pandemia -o de aprovar e aplicar as vacinas antes da maioria dos países ocidentais-, aproveitou nesta quarta para cutucar a União Europeia, da qual o Reino Unido se separou definitivamente neste ano. “Teria sido uma grande pena” se o Reino Unido tivesse permanecido no programa de vacinas da União Europeia, afirmou ele em audiência no Parlamento.

“Acho que temos sido capazes de fazer algumas coisas de maneira diferente e melhor em alguns aspectos”, disse Boris, antes de contemporizar: “Mas ainda é cedo, e é muito importante lembrar que esse é um empreendimento internacional. Dependemos de nossos amigos e parceiros e vamos continuar a trabalhar com eles dentro e fora da UE”.

O Reino Unido está nessa semana no centro de uma disputa entre a União Europeia e o laboratório britânico AstraZeneca (AZ), que desenvolveu com a Universidade de Oxford a principal vacina do programa brasileiro de imunização.

O imunizante da AZ ainda não foi aprovado pela agência regulatória da UE, mas a fabricante avisou ao bloco que cortaria suas remessas iniciais, por falta de capacidade de produção. A UE encomendou 80 milhões de doses até o final de março, mas a empresa disse que só pode entregar 31 milhões de doses e antecipou um corte de 50% no segundo trimestre.

Em resposta, a UE ameaçou restringir exportações de vacinas e pediu explicações sobre as quantidades produzidas e vendidas pela fabricante. Também aventou a possibilidade de que a empresa estivesse “desviando” vacinas compradas pela UE para o programa britânico.

A empresa afirma que seu compromisso com a UE é baseado no “melhor esforço”, ou seja, a empresa é obrigada a produzir o máximo de vacina que puder, mas não está legalmente comprometida com um número de doses. Nesta quarta, o Parlamento Europeu pediu que o contrato seja tornado público.

Em entrevista à imprensa italiana, a empresa afirmou que a vacina distribuída na Europa é feita em duas fases. Na primeira é produzida a “substância medicamentosa”, em unidades na Holanda e na Bélgica. Esse insumo é então envasado em frascos para distribuição, em fábricas na Itália e na Alemanha. De acordo com a AZ, o gargalo está na primeira fase, principalmente na Bélgica.

As informações são da Folhapress

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