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Mundo

Empresário francês admite participação em escândalo

Arquivo Geral

18/05/2006 0h00

Um importante executivo da indústria bélica da França admitiu ter escrito uma carta anônima que está no centro de um escândalo envolvendo o governo, there thumb mas negou ter ajudado o primeiro-ministro, Dominique de Villepin, a tentar manchar a imagem de um adversário político.

Jean-Louis Gergorin afirmou em uma entrevista publicada hoje que alertou Villepin sobre a lista de contas bancárias pertencentes a políticos e funcionários públicos do país, mas que nunca mencionou o nome do ministro francês do Interior, Nicolas Sarkozy.

A autoridade de Villepin viu-se seriamente abalada pelas acusações de que tentou prejudicar Sarkozy, hoje o principal candidato do bloco conservador para disputar a Presidência da França em 2007. O premiê teria prolongado uma investigação secreta sob re uma lista que logo se revelou falsa. A lista continha os nomes de pessoas acusadas de receber suborno.

A confissão de Gergorin responde a uma das muitas perguntas do caso, mas o executivo não quis dizer quem elaborou as cartas e as listas cujo alvo eram Sarkozy, que afirma ser inocente.

Gergorin disse ter conversado sobre a lista com o juiz Renaud Van Ruymbeke, encarregado de investigar um contrato de exportação de armas de 1991 que envolveu subornos. Mas ressaltou que não quis repetir essas declarações em um depoimento formal. "Isso levou à carta anônima", disse o empresário ao jornal Le Parisien.

Apesar de confirmar que escreveu a primeira carta anônima em maio de 2004, o executivo negou ser o "corvo" termo francês para um escritor de cartas agressivas – que magistrados e os meios de comunicação procuram fervorosamente há semanas.

"Um corvo é um informante anônimo que age de má-fé", disse Gergorin, que abandonou seu cargo de vice-presidente para a coordenação estratégica da empresa européia EADS a fim de defender-se em meio ao escândalo.

"Pelo fato de ter me encontrado com o juiz encarregado de investigar o caso, não poderia mais ser anônimo", disse.

O escândalo domina o cenário político da França a tal ponto que o presidente do país, Jacques Chirac, pediu a seus ministros, na reunião semanal de gabinete, ontem, que se empenhassem na divulgação dos sucessos do governo na criação de empregos e na economia.

Villepin negou ter cometido qualquer irregularidade no intrincado "caso Clearstream", batizado com o mesmo nome do banco de Luxemburgo onde Sarkozy teria mantido contas secretas.

Mas o premiê não conseguiu acabar com as suspeitas de que tenha cometido um crime. Apesar de poucos acharem, agora, que ele tem chances de suceder seu mentor, Chirac, nas eleições do próximo ano, Villepin recusou-se a renunciar.

Em um sinal claro de sua falta de prestígio no governo, mais da metade dos deputados do partido dele boicotaram o discurso do premiê durante um debate sobre uma moção de censura sugerida na terça-feira pela oposição de esquerda.

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