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Mundo

Donald Trump tira a máscara ao voltar à Casa Branca

O presidente, de 74 anos, saiu andando do hospital, onde se tratou da doença nos últimos três dias, e embarcou em um helicóptero que o levou até a sede da Presidência

Marcus Eduardo Pereira

05/10/2020 21h03

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, doente com a covid-19, tirou a máscara e ergueu o polegar, ao chegar à Casa Branca na noite desta segunda-feira (5), ao receber alta do hospital militar Walter Reed, nos arredores de Washington.

O presidente, de 74 anos, saiu andando do hospital, onde se tratou da doença nos últimos três dias, e embarcou em um helicóptero que o levou até a sede da Presidência.

Mais cedo, ele havia antecipado sobre sua saída do hospital no Twitter.

“Sairei do grande Walter Reed Medical Center hoje às 18h30 (locais, 19h30 de Brasília). Sinto-me muito bem!”, escreveu o presidente, de 74 anos. Na mensagem, ele complementou: “Estou me sentindo melhor do que há 20 anos!”.

“Não tenha medo da covid. Não deixe que isso tome conta de sua vida”, continuou o republicano no Twitter, em referência a uma doença que tirou a vida de cerca de 210.000 americanos.

Mais cedo, no entanto, seu médico havia dito que Trump ainda não está “completamente fora de perigo”, a um mês para as eleições de 3 de novembro.

Na reta final de uma campanha eleitoral tensa na qual aparece atrás do seu oponente democrata nas pesquisas, Joe Biden, o presidente republicano está ansioso para voltar aos comícios.

“Nós desenvolvemos, sob a administração Trump, alguns medicamentos e conhecimentos realmente excelentes”, ressaltou Trump, cuja gestão da pandemia é fortemente criticada pelo adversário político.

“Território desconhecido”

O médico da Casa Branca, Sean Conley, disse em uma coletiva de imprensa que o presidente poderá seguir os cuidados de casa, após receber um agressivo coquetel de medicamentos.

Porém, ressaltou que ele não está “completamente fora de perigo” até depois de uma semana.

“Estamos todos cautelosamente otimistas e vigilantes, porque nos encontramos em um território desconhecido quando se trata de um paciente que recebeu as terapias tão cedo durante o curso” da doença, afirmou.

Trump recebeu o esteroide dexametasona, geralmente associado a casos graves de covid-19, e dois tratamentos experimentais (o da empresa de biotecnologia Regeneron e o antiviral remdesivir).

Além disso, Conley disse no domingo que ele recebeu oxigênio extra na última sexta-feira, algo que inicialmente não havia sido divulgado.

Surto na Casa Branca?

Mas sair do hospital não quer dizer que Trump poderá voltar a sua rotina anterior de comícios e turnês pelo país. E a Casa Branca, onde a saúde é vistoriada 24 horas do dia, não parece ser um lugar livre do coronavírus.

Três dias após a hospitalização de Trump, sua assessora de imprensa, Kayleigh McEnany, anunciou nesta segunda-feira que foi contagiada pelo vírus, mas sem sintomas, após “testar negativo constantemente” desde quinta-feira. Naquele dia, a infecção da assessora presidencial Hope Hicks disparou alertas.

McEnany, que disse que ficará em quarentena e continuará trabalhando remotamente, é o caso covid-19 mais recente no círculo do presidente.

A lista também inclui a primeira-dama, Melania Trump, o gerente da campanha Trump 2020, Bill Stepien; A ex-conselheira do Trump, Kellyanne Conway; o ex-governador de Nova Jersey Chris Christie; a chefe do Comitê Nacional Republicano, Ronna McDaniel; e três senadores republicanos (Mike Lee de Utah, Thom Tillis da Carolina do Norte e Ron Johnson de Wisconsin), bem como o assessor pessoal de Trump, Nick Luna.

Moeda comemorativa

Trump, que antes de adoecer já tinha se envolvido em revelações de que não teria pagado o imposto de renda além de outros escândalos, mostrou que segue em campanha mais do que nunca com uma avalanche de tuítes destacando o que considera os sucessos do seu governo.

Trump disparou 15 mensagens em letras maiúsculas em 30 minutos em sua conta do Twitter:

“MERCADOS FINANCEIROS EM ALTA. VOTEM!”. “O EXÉRCITO MAIS FORTE. VOTEM!”. “LEI E ORDEM. VOTEM!”. “LIBERDADE RELIGIOSA. VOTEM!”. “A MAIOR REDUÇÃO DE IMPOSTOS DA HISTÓRIA E OUTRA POR VIR. VOTEM!”. “FORÇA DO ESPAÇO. VOTEM!”. “LUTA CONTRA OS CORRUPTOS VEÍCULOS DAS FAKE NEWS. VOTEM!”.

As mensagens foram publicadas um dia depois da rápida saída de carro que Trump fez para saudar seus seguidores reunidos do lado de fora do hospital. O episódio causou indignação e polêmica sobre os riscos para sua saúde e a de seus seguranças.

Um porta-voz da Casa Branca, Judd Deere, garantiu que foram tomadas as precauções “apropriadas” para proteger Trump e seu pessoal de apoio.

O passeio foi anunciado pelo próprio presidente em um vídeo divulgado pouco antes no Twitter, no qual ele afirma ter aprendido “muito sobre covid”.

Trump está “lutando tanto quanto só o presidente Trump consegue”, disse a porta-voz da campanha de reeleição Erin Perrine à Fox News.

Uma loja de presentes não oficial da Casa Branca anunciou nesta segunda-feira que colocará à venda uma moeda comemorativa com a inscrição “O presidente Donald J. Trump derrota a covid-19” por US$ 100.

 Biden na Flórida

Biden, com oito pontos percentuais de vantagem sobre Trump, viaja nesta segunda-feira à Flórida, estado crucial para a vitória eleitoral, após anunciar no domingo que seu teste COVID-19 havia sido novamente negativo.

Com Trump internado, e Biden logo após seu 78º aniversário, o interesse por seus companheiros de chapa cresceu, trazendo o debate entre os candidatos à vice-presidência programados para quarta-feira entre o republicano Mike Pence e a senadora democrata Kamala Harris. Maior relevância.

Resta saber como a saúde de Trump continuará e se ele poderá participar do próximo debate televisionado com Biden agendado para 15 de outubro.

Agence France-Presse

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