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‘Dedo médio’ atrai críticas e faz Berlim suspender anúncio pró-máscaras

Berlim registrou as mais altas incidências do país: nos distritos de Neukoelln e Mitte foram registrados mais de 100 casos por 100 mil habitantes, segundo dados oficiais

Redação Jornal de Brasília

15/10/2020 15h49

Ana Estela de Sousa Pinto
Bruxelas

“O indicador levantado para quem não usa máscaras”, diz o título de um anúncio criado pela Visite Berlim (departamento de turismo da região) e pelo Senado de Berlim (que equivale ao governo do estado).

Sob o slogan, porém, a idosa de máscara florida que olha feio para o espectador mostra não o indicador, mas o dedo do meio da mão esquerda.

O departamento de turismo argumentou que quis “explorar o senso de humor único e seco de Berlim” para reforçar as regras de prevenção de transmissão do coronavírus e a importância de proteger os idosos, que são mais suscetíveis a complicações da doença.

A preocupação acompanha um repique nos novos casos de infecção por coronavírus na Alemanha, que somaram 26.163, ou 31,5 por 100 mil habitantes, na semana encerrada nesta quarta (14).

Berlim registrou as mais altas incidências do país: nos distritos de Neukoelln e Mitte foram registrados mais de 100 casos por 100 mil habitantes, segundo dados oficiais.

Na noite de quarta, a premiê da Alemanha, Angela Merkel, e os primeiros-ministros dos 16 estados do país limitaram reuniões a 15 participantes e baixaram toque de recolher para bares e restaurantes a partir das 23h, em áreas com taxa semanal de mais de 35 casos novos por 100.000 habitantes.

O patamar de 35/100 mil é considerado crítico, segundo o governo federal, porque depois de atingido a transmissão parece se acelerar.

A Visite Berlim afirmou que o tom do anúncio reproduz a forma de comunicação dos berlinenses, conhecidos por falar de forma direta, sem rodeios. A própria contradição entre o dedo mencionado no título e o levantado na imagem era proposital, afirmam.

Mas muita gente não achou graça.

Sob críticas e queixas oficiais por discriminar e ofender quem não pode usar máscaras (crianças, por exemplo), a campanha foi suspensa logo após seu lançamento, na terça (13), com a publicação do anúncio em um jornal local.

A polêmica sobre a imagem e a iniciativa, entretanto, sobreviveu em sites jornalísticos e nas redes sociais.

Para o redator-chefe do jornal local Der Tagesspiegel, Lorenz Maroldt, o anúncio insulta os moradores da cidade e revela o fracasso do governo em implantar políticas para impedir o contágio.

Já o fundador e editor-chefe do Berlin Espectator, Imanuel Marcus, defendeu a campanha: “Os que não usam máscaras põem em risco a saúde e a vida dos outros. Por que não ficaríamos com raiva deles?”

Segundo ele, as várias campanhas “contidas e discretas que dizem às pessoas que sigam as regras com sorrisos simpáticos” não são suficientes para convencer alguns “refuseniks” —os que se recusam a usar máscaras e manter distanciamento—, e o tempo de ter paciência com eles já passou.

“Berlim é ousada e atrevida: a velha senhora que mostra o dedo médio parece exatamente uma berlinense. Muitos de nós usamos a palavra ‘f’, especialmente em inglês, pois soa menos agressivo dessa forma. Além disso, estamos em 2020. Reclamar de uma gesticulação desse tipo é um pouco tacanho”, afirmou.

As informações são da FolhaPress

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