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Confinamento e aulas suspensas evitaram 3,1 milhões de mortes na Europa, calcula estudo

Para isso, eles rastrearam a epidemia calculando os níveis de infecção retrospectivamente, com base nas mortes relatadas

Redação Jornal de Brasília

08/06/2020 14h31

(Photo by ANDREAS SOLARO / AFP)

Ana Estela de Sousa Pinto
Bruxelas, Bélgica

Quarentenas, confinamentos e suspensão de aulas evitaram mais de 3 milhões de mortes na Europa pelo novo coronavírus, calculam em trabalho conjunto, publicado nesta segunda (8) na edição online da revista Nature, cientistas de cinco centros de estudo britânicos e um americano.

Os cientistas estimaram reduções na transmissão do coronavírus com base em dados combinados de 11 países europeus, do início da pandemia no continente até 4 de maio de 2020, quando começaram a ser retiradas medidas como confinamento e fechamento de escolas, implantadas em março para frear o contágio de coronavírus e impedir um colapso do atendimento hospitalar.

Segundo os autores, do Imperial College (departamento de matemática, centro de pesquisa em proteção sanitária e centro de estudos epidemiológicos), pelas universidades de Oxford (departamento de estatística) e Sussex (ciências da vida) e pelo departamento de análises clínicas e patologia da Universidade Brown (EUA), o objetivo foi medir a eficácia dessas intervenções para indicar sua utilidade em emergências futuras, já que elas têm impactos econômicos e sociais.

Para isso, eles rastrearam a epidemia calculando os níveis de infecção retrospectivamente, com base nas mortes relatadas. Embora os dados possam ter sido subnotificados, eles são considerados mais confiáveis que os números de casos, dizem os cientistas.

Os cálculos indicam que, em 4 de maio, entre 12 milhões e 15 milhões de indivíduos nesses países haviam sido infectados com o coronavírus Sars-CoV-2, o equivalente a de 3,2% a 4% da população dos países estudados (Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Itália, Reino Unido, Noruega, Suécia e Suíça).

O número foi comparado a uma previsão estatística de quantas mortes teriam ocorrido se o contágio tivesse seguido seu curso normal -o trabalho parte da premissa de que a taxa inicial de contágio do patógeno (R0) é de 3,8, ou seja, cada infectado transmite o coronavírus em média para outras 3,8, fazendo o número de contaminados quase quadruplicar.

Sem as barreiras impostas pelas medidas de distanciamento físico e redução de mobilidade, esse contágio acelerado teria levado a um número de mortes entre 14,8 milhões e 18,5 milhões, uma redução média de 3,1 milhões de óbitos.

Ao impedir que pessoas contaminadas continuassem se encontrando com outras, a taxa de contágio foi reduzida para abaixo de 1 (queda de 82% na média), o que indica que a transmissão foi controlada.

“A taxa de transmissão diminuiu de níveis altos para níveis sob controle em todos os países europeus que estudamos”, diz Samir Bhatt, do centro de análise epidemiológica do Imperial College. Segundo ele, isso indica que as quarentenas reduziram o número de mortes por Covid-19.

Os cientistas também calculam que as populações dos países estudados estão longe da chamada imunidade de rebanho, na qual a transmissão é freada pelo número de pessoas que já adquiriram defesas contra o vírus. No caso da Covid-19, ela seria de cerca de 70% (considerando a R0 de 3,8).

Pelos cálculos dos cientistas, há grande variação de desenvolveram anticorpos na parcela dos que já entraram em contato com o vírus. Enquanto na Áustria eles são 0,76% (de 0,59% a 0,98%, para um intervalo de confiança de 95%), na Bélgica o número chega a 8% (de 6,1% a 11%).

Na Espanha, o cálculo indica 5,5% (entre 4,4% e 7%), média superior aos 5% encontrados em pesquisa realizada pelo governo a partir de testes de anticorpos, cujos dados parciais foram divulgados no começo de maio.

As informações são da FolhaPress

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