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Cinco anos após os piores atentados na França, país volta a ter alerta máximo contra terrorismo

Nos últimos cinco anos, 20 ataques foram cometidos em solo francês, 19 falharam e 61 foram frustrados

Redação Jornal de Brasília

13/11/2020 5h54

Cinco anos após os atentados de 13 de novembro de 2015 em Paris, um dos piores da história da França, o alerta terrorista no país está mais uma vez em seu nível mais elevado.

“Por um tempo tivemos a impressão de que a ameaça terrorista havia ficado em segundo plano, porque surgiram outros problemas, como os coletes amarelos e a covid, mas na realidade os números mostram que continua alta desde 2015”, disse à AFP uma fonte das forças de segurança do país.

Nos últimos cinco anos, 20 ataques foram cometidos em solo francês, 19 falharam e 61 foram frustrados. Mas nas últimas semanas, uma combinação de fatores levou as autoridades a reavaliar o nível do risco.

Em primeiro lugar, indica uma fonte, há o julgamento em andamento dos ataques de janeiro de 2015 – contra o semanário Charlie Hebdo e um supermercado kosher em Paris – que representam o risco de “ações de apoio aos acusados”.

Somado a isso está a recente republicação de caricaturas do profeta Maomé pelo Charlie Hebdo e a “instrumentalização” na França e no exterior de recentes discursos do presidente Emmanuel Macron e a ação do governo contra o “separatismo islâmico”.

Em uma homenagem nacional ao professor Samuel Paty, decapitado por um islâmico em 16 de outubro perto de Paris por mostrar tais desenhos satíricos em uma aula sobre liberdade de expressão, Macron disse que a França “não renunciaria à publicação de caricaturas.”

Em alguns países de maioria muçulmana, os fiéis reagiram com raiva queimando retratos do presidente francês em manifestações e uma campanha foi lançada para boicotar os produtos franceses.

Na quarta-feira, um ataque com explosivos deixou vários feridos no cemitério não-muçulmano de Jidá, na Arábia Saudita, durante uma cerimônia por ocasião do 11 de novembro, data em que se comemora o fim da Primeira Guerra Mundial, na presença de representantes do consulado francês e de outros países europeus.

O consulado francês em Jidá já havia sido alvo de um ataque com faca no dia 29 de outubro, no qual um guarda foi ferido. No mesmo dia, dois paroquianos, incluindo uma brasileira, e um sacristão foram mortos por um tunisiano em Nice (sudeste da França).

Em um mês, a França sofreu três ataques em seu território: um ataque com faca que deixou dois feridos perto da antiga sede do Charlie Hebdo no final de setembro, o assassinato do professor Samuel Paty e o ataque com faca na basílica de Nice.

O recente ataque em Viena, cometido por um simpatizante do grupo jihadista Estado Islâmico, também foi um lembrete de que a ameaça tem como alvo toda a Europa.

Na terça-feira, após uma mini-cúpula europeia, Macron exortou seus parceiros da UE a intensificar a luta comum contra o terrorismo.

Ameaça “endógena”

Para os serviços de inteligência, ao contrário de 2015, a ameaça na França hoje é principalmente “endógena.”

Indivíduos isolados e desconhecidos dos serviços de inteligência, presentes na França e que, inspirados pela propaganda jihadista, cometem ataques com faca que requerem pouca preparação.

As autoridades também levam muito a sério a ameaça de um ataque planejado do exterior, como os de 13 de novembro de 2015.

“Não é porque o grupo Estado Islâmico sofreu uma derrota militar que suas capacidades foram aniquiladas”, disse à AFP um funcionário que trabalha com contraterrorismo.

Entre 100 e 200 jihadistas franceses estão na zona síria-iraquiana, especialmente na província de Idlib, um importante reduto jihadista no noroeste da Síria.

“Eles têm armas, dinheiro, recursos e, portanto, acreditar que não são capazes de cruzar clandestinamente as fronteiras para chegar à França é ilusório”, acrescentou a mesma fonte.

Para enfrentar a ameaça, a França aumentou os efeitos da Direção-Geral de Segurança Interna – mais 1.250 agentes no período de cinco anos de Macron – e fortaleceu seu arsenal legislativo.

Algumas medidas provocaram polêmica, como operações de busca e apreensão sem ordem judicial ou o fechamento de locais de culto.

Outros textos também estão sendo preparados, incluindo uma lei contra o “separatismo islâmico.”

Sobre a espinhosa questão de libertar pessoas radicalizadas da prisão, o governo francês prometeu reforçar os dispositivos existentes.

O agressor de Viena havia sido libertado no final de 2019, após oito meses de prisão por tentar viajar à Síria. Este exemplo preocupa os serviços de inteligência franceses.

Quase 40 detidos foram ou serão libertados antes do final de 2020 e 150 antes de junho de 2022.

AFP

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