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Chavistas tomam posse na Assembleia da Venezuela, e oposição faz sessão separada

Logo após ser reconduzido ao cargo, Guaidó defendeu a legitimidade da Assembleia, que não é mais reconhecida pelo regime de Maduro

Henrique Kotnick

05/01/2021 13h13

Apoiadores do líder da oposição venezuelana Juan Guaido, que muitos países reconheceram como legítimo governante interino do país, participam de uma manifestação contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas, Venezuela, em 6 de abril de 2019.

O dia da posse da nova Assembleia Nacional da Venezuela começou tenso, com o regime de Nicolás Maduro e a oposição promovendo duas sessões separadas do órgão.

Enquanto os novos congressistas se dirigiram para a sede do Legislativo, em Caracas, para assumirem oficialmente seus cargos nesta terça-feira (5), os parlamentares de oposição realizavam uma sessão online para reeleger Juan Guaidó para o comando da Casa.

Logo após ser reconduzido ao cargo, Guaidó defendeu a legitimidade da Assembleia, que não é mais reconhecida pelo regime de Maduro, e afirmou que a Casa “continuará de pé, representando os venezuelanos e apoiado pela comunidade internacional”.

Após fazer um balanço de sua atuação nos últimos dois anos, o opositor também afirmou que seu objetivo é conseguir a realização de eleições livres no país. “Nós queremos reconstruir a transição e não vamos desistir antes”.
Guaidó também convocou outros líderes opositores que não estão na Assembleia, como Henrique Capriles, Maria Corina Machado, Leopoldo López e Julio Borges, a participarem da luta e pediu à população que saía às ruas para defender uma transição democrática.

Oficialmente o mandato da atual Assembleia terminou nesta segunda-feira (4). Mas a oposição, que é maioria na Casa, defende que este prazo seja estendido por mais um ano, até que sejam realizadas eleições livres no país.
Os opositores não reconhecem o resultado do pleito legislativo realizado em 6 de dezembro, que foi recheado de denúncias de fraudes –a maioria dos partidos críticos ao regime se recusou a participar da votação.

Grande parte da comunidade internacional também se recusou a reconhecer o resultado da votação.

Além disso, o Conselho Nacional Eleitoral (responsável por regular as eleições no país) cometeu uma série de irregularidades durante o processo, de acordo com a oposição. O órgão, inclusive, ampliou o tamanho da Assembleia, que foi de 167 deputados para 277.

Com o boicote oposicionista, o chavismo venceu com folga a disputa e conquistou 256 das cadeiras, consolidando assim seu poder na Casa. É esta nova Assembleia, reconhecida pelo regime, que toma posse nesta terça.
O número dois do chavismo, Diosdado Cabello, já anunciou que o novo presidente da Casa será Jorge Rodríguez, ex-vice-presidente, ex-ministro das comunicações e um dos homens mais poderosos do regime.

Para a oposição, porém, Juan Guaidó continua sendo o presidente da Assembleia –coo esperado, ele foi reeleito já no início da sessão desta terça para um novo mandato de um ano.

Em meio a este cenário, opositores afirmaram que a residência de Guaidó foi cercada pela manhã por agentes do Sebin (o serviço de inteligência do regime). Como oficialmente a Assembleia deixou de ser reconhecida como legítima por Maduro, há o temor que alguns deputados de oposição sejam presos.

“Este é o método que a ditadura [ de Maduro] usa”, afirmou Guaidó em uma rede social. “Temos enfrentado obstáculos e continuaremos adiante. Enquanto a ditadura tenta gerar terror e militarizar o Parlamento, estaremos instalando um novo período da Assembleia Nacional legítima”, completou o líder opositor.

Guaidó também tinha convocado para esta terça uma manifestação nas ruas para defender a continuidade do mandato da Assembleia opositora. Na segunda, porém, a vice-presidente do país, Delcy Rodriguez, anunciou o início de uma “quarentena radical” até o próximo domingo (3) por conta da pandemia do coronavírus, o que inviabilizou o ato.

Também na segunda, o Departamento do Tesouro dos EUA emitiu uma declaração afirmando que mantém seu reconhecimento à Assembleia Nacional eleita em 2015, liderada por Guaidó.

Além disso, avisou que não vai autorizar transações finaceiras ou outras atividades que envolvam a ‘Assembleia Nacional ilegítima programada para sentar-se em 5 de janeiro de 2021, incluídos seus respectivos membros e funcionários”.

O governo brasileiro também já tinha decidido que seguirá reconhecendo Guaidó como líder venezuelano.

Folha Press

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