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Candidatos aceitam recontagem dos votos no Equador

O governo do presidente Lenín Moreno, cujo mandato de quatro anos termina em 24 de maio, assegurou que colocará à disposição “os recursos econômicos necessários para o processo de recontagem”, indicou ontem um comunicado do Ministério das Finanças

Marcus Eduardo Pereira

13/02/2021 10h27

O ex-banqueiro Guillermo Lasso e o líder indígena de esquerda Yaku Pérez, que disputam uma vaga no segundo turno das eleições presidenciais no Equador, aceitaram nesta sexta-feira, 12, solicitar ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) uma recontagem de votos para descartar a possibilidade de fraude no primeiro turno. “Nossa proposta é suspender o processo (eleitoral) até que se faça a recontagem nas 24 províncias”, disse Pérez, durante encontro com Lasso na sede do CNE, em Quito.

Na reunião, da qual também participaram observadores internacionais – entre eles da Organização dos Estados Americanos (OEA) -, Pérez acrescentou que há “uma oportunidade histórica de demonstrar ao país que não houve fraude e o processo eleitoral (de domingo) ocorreu de forma transparente”.

“A história do Equador está marcada pela desapropriação”, disse o candidato indígena, referindo-se ao passado colonial e da indústria do extrativismo, assegurando que “a desapropriação não terminou” e “estão nos levando tudo”. “A desapropriação continua, hoje é de votos, a desapropriação de um sonho, de um projeto, da verdadeira esperança”, declarou.

Pérez acusou da tentativa de fraude o que chamou de “um novo Nostradamus”, que “conhecia com antecedência os resultados” e “já não está no Equador”, em clara alusão ao ex-presidente Rafael Correa.

O líder indígena, um advogado ambientalista de 51 anos, disse que querem impedir sua participação no segundo turno – ele tinha 19,38% dos votos até ser empurrado para o terceiro lugar, na quarta-feira pelo conservador Lasso, de 65 anos, que obteve 19,74%.

Um deles disputará a presidência no segundo turno contra o economista Andrés Arauz, de 36 anos, candidato de Correa. Ele teve 32,7% dos votos, segundo apuração preliminar, que ontem tinha alcançado 99,96% das atas eleitorais.

Lasso, que viajou de Guayaquil a Quito para a reunião, apoiou a proposta de recontar os voto. “Que seja feita a recontagem dos votos no marco da lei, pois se não tivermos a lei como base estaremos abandonando do Estado de direito e isso é o caminho mais perigoso para produzir um caos, uma desordem totalmente fora do objetivo do povo equatoriano”, disse.

União

A lei estipula que os resultados eleitorais devem ser apresentados dez dias após as eleições – no caso, a próxima quarta-feira. Isso dificultará a realização de uma apuração completa como exige Pérez. Por isso, a revisão poderia ser realizada em apenas sete províncias.

O candidato conservador estendeu a mão ao rival para uma luta comum contra o correísmo. “Temos um adversário em comum. E, como não podemos permitir que retorne, este diálogo é imperativo, é necessário, pois mais de 68% da população disse não a esse modelo”, afirmou o conservador.

Lasso disse que a maior parte das opções teve o “denominador comum de não permitir que retorne ao Equador o modelo totalitário, que somente dividiu a sociedade equatoriana e cometeu atos de corrupção e enganou o povo”.

Diana Atamaint, presidente do CNE, disse que tem “a responsabilidade absoluta de prestas contas ao país” e informou que o pedido de Pérez – que no início pedia a recontagem em 7 das 24 províncias – deve ser analisado pelo organismo considerando aspectos técnicos, jurídicos e orçamentários. “Lamentavelmente, há esta situação com relação à estreita margem de votos entre Lasso e Pérez, que no início da apuração apresentava mais votos.”

O governo do presidente Lenín Moreno, cujo mandato de quatro anos termina em 24 de maio, assegurou que colocará à disposição “os recursos econômicos necessários para o processo de recontagem”, indicou ontem um comunicado do Ministério das Finanças. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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