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Campanha de Trump prepara novas ações, sem muita convicção

Mesmo assim, Trump não dá sinais de que vai admitir a derrota nem de que irá cooperar com o presidente eleito no processo de transição

Redação Jornal de Brasília

09/11/2020 13h09

Patrícia Campos Mello
São Paulo, SP

A campanha de Donald Trump se prepara para entrar com mais uma série de ações judiciais nesta semana, contestando a votação em vários estados, mas especialistas afirmam não acreditar que a judicialização consiga mudar o resultado das eleições presidenciais, que deu vitória a Joe Biden.

Mesmo assim, Trump não dá sinais de que vai admitir a derrota nem de que irá cooperar com o presidente eleito no processo de transição.

Rudy Giuliani, advogado de Trump que vem encabeçando a ofensiva jurídica, disse neste domingo (8) que sua equipe deve entrar com quatro ou cinco ações para denunciar fraude eleitoral nos estados-chave do final da corrida: Nevada, Geórgia, Pensilvânia, Arizona e Wisconsin.

“Seria equivocado para ele [Trump] admitir a derrota neste momento”, disse Giuliani à emissora de TV FoxNews. “Há fortes indícios de que esta eleição teve roubalheira em pelo menos três ou quatro estados e, possivelmente, dez. Ou seja, a eleição foi baseada em votos falsos. Não podemos deixar de contestar isso.”

O advogado do atual presidente disse acreditar ter elementos suficientes para “virar a Pensilvânia”, onde centenas de milhares de votos seriam “completamente inválidos”.

No entanto, até agora, nas ações judiciais impetradas pela campanha, Trump não apresentou nenhum indício concreto nem prova de fraude. Tribunais estaduais já rejeitaram alguns dos pedidos.

Mesmo que os processos avancem, a campanha de Trump teria de vencer ações suficientes para virar os resultados em ao menos três estados, caso Biden confirme as vitórias em Arizona e Geórgia, o que tende a acontecer.

Na Pensilvânia, a vantagem do democrata era, até este domingo, de 43 mil votos. O único estado onde a margem de votação é muito apertada é a Geórgia, onde Biden lidera com apenas 10 mil votos à frente de Trump. Como a diferença fica abaixo de 0,5 ponto percentual do total de votos, o estado fará automaticamente uma recontagem. A campanha do republicano também pretende pedir recontagem em outros estados, como Nevada e Wisconsin.

A probabilidade de recontagens mudarem os resultados é pequena. Segundo levantamento da organização FairVote, em 5.778 eleições nos últimos 20 anos só houve 31 recontagens estaduais completas. Apenas três dessas apurações mudaram o resultado da eleição. E, em todas, a margem de vitória original era inferior a 0,05% do total de votos. As diferenças de Biden em estados-chave são todas acima desse percentual.

A Suprema Corte ainda vai analisar uma das ações dos republicanos, que pede a invalidação dos votos pelo correio recebidos até três dias depois da eleição na Pensilvânia.

Mesmo assim, o número de votos atingidos provavelmente não seria suficiente para mudar o resultado, de acordo com a secretária de estado da Pensilvânia, responsável por gereciar as eleições no estado. A estimativa é deque haja menos de 10 mil votos nessa situação.

Na sexta (6) e no sábado (7), assessores de Trump se reuniram com o presidente na Casa Branca e no quartel-general da campanha. A avaliações é a de que as chances de revertere o resultado da eleição por meio da Justiça são ínfimas.

Parte do entorno de Trump tem dito ao presidente que talvez fosse melhor admitir a derrota e fazer um discurso de concessão. O atual presidente parece pouco inclinado a desistir. Se não fizer o discurso ou der um telefonema a Biden, será a primeira vez em 124 anos que um presidente americano não admite a derrota em um pleito.

Embora não mude nada na prática, pode minar a confiança no resultado e acirrar as tensões políticas no país, uma vez que discursos de concessão funcionam como um carimbo para legitimidade da votação.

Em 1960, o republicano Richard Nixon perdeu para o democrata John Kennedy em uma eleição com muitas suspeitas de fraude. O derrotado, no entanto, resolveu não contestar o resultado, para preservar seu capital político em futuras disputas, apesar de pressões do partido.

Na visão de interlocutores, Trump irá manter a judicialização da eleição ainda que as chances de mudar o resultado sejam minúsculas, porque essa é uma maneira de continuar nos holofotes e manter a base trumpista mobilizada.

Os principais líderes republicanos, como o líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, e o líder da minoria na Câmara, Kevin McCarthy, não parabenizaram Biden e dizem esperar a contagem total do que chamam de “votos legais”.

Enquanto isso, a equipe de Biden já se prepara para os primeiros passos de transição e vai anunciar ainda na segunda (9) uma força-tarefa para lidar com a pandemia do coronavírus. A transição, no entanto, só tem início oficialmente quando a Administração de Serviços gerais determina quem é o vencedor, baseado nas informações disponíveis.

Como a norma é vaga, há o temor de que Trump pressione a agência para adiar o início oficial da transição. Também não se sabe se o republicano fará o tradicional encontro com o presidente-eleito na Casa Branca –Barack Obama recebeu Trump uma semana depois da eleição de 2016.

Ainda que não conte com a cooperação de Trump na transição, Biden tem a vantagem de já ter sido vice-presidente e conhecer por dentro a máquina do governo, além de ter se cercado de experientes ex-funcionários do governo Barack Obama.

As informações são da Folhapress

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