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Mundo

Cães se tornam salvo-conduto em uma Espanha confinada

Com cães, moradores podem sair de suas casas para pegar um ar e esticar as pernas.

Redação Jornal de Brasília

18/03/2020 19h27

O confinamento dos espanhóis pelo coronavírus é tão rigoroso que os cães se tornaram um dos poucos salvo-conduto para sair de casa, se tornando às vezes objeto de empréstimos e manobras.

Ao contrário da Itália, o primeiro país europeu a decretar o confinamento da população, a Espanha não tolera que seus habitantes saiam para esticar as pernas ou tomar um ar, mesmo respeitando a distância entre pessoas.

Mas autoriza que saiam brevemente com os cães para que façam suas necessidades.

“Você sai mais com o cachorro, mas por menos tempo”, explica Luis Fe, com os olhos fixos em sua cadela, uma border collie branca e preta.

Este professor de 49 anos de Madri gosta de ver Dara correr para o parque da Basília de São Francisco el Grande, na capital deserta de uma Espanha em confinamento desde sábado à noite, o segundo país mais afetado pelo vírus na Europa depois da Itália.

E confessa que os donos de cachorros que conhece aproveitam o animal para “sair, porque estão em casa e entediados”.

Em Madri, os latidos quebram o silêncio e os cães são notados nas calçadas vazias.

O melhor amigo do homem, o qual não há evidências de que transmita o vírus, tornou-se um passe para fugir do confinamento. Um fato que teve como efeito deixar sem trabalho os passeadores profissionais de cachorro.

“Liguei para alguns de meus clientes, idosos que ficaram sozinhos, perguntando se precisavam de ajuda, mas disseram que não, que estavam bem”, lamenta David Sánchez, um passeador de cães de 47 anos no bairro de Tetuán em Madri.

“Alugo meu cachorro”

Por outro lado, há um negócio que vai de vento a poupa: o empréstimo de cachorros.

“Se alguém quer dar um passeio, alugo meu cachorro para que tenha um salvo-conduto”, oferece um anúncio no site Milanuncios.

Luis Fe diz, ao fazer um gesto de desprezo, que um colega lhe contou que recebeu uma oferta para alugar seu cachorro.

Uma possibilidade desaprovada por Alicia Barrientos, 39, de Madri, que acompanha seu cão pastor australiano: “É fatal, para a saúde de outras pessoas e para o animal, que sai com uma pessoa que não conhece”.

Diante da controvérsia causada por essas propostas desonestas, a página de vendas online Wallapop chamou seus usuários a denunciar esses tipos de anúncio a fim de suprimi-los.

“Somos totalmente contra essa atividade”, afirmou a empresa no Twitter.

Bichos de pelúcia e porquinhos

Na ausência de animais de carne e osso, alguns espanhóis ousaram sair com animais de pelúcia. Um homem foi repreendido pela polícia na noite de segunda-feira, quando estava com um cachorro de pelúcia nas ruas de Palencia (norte).

O infrator rapidamente pegou seu animal falso quando um carro da polícia, com a janela abaixada, parou ao lado dele para pedir que voltasse para casa, como mostra um vídeo divulgado por um sindicato da polícia, amplamente compartilhado nas redes sociais.

“A polícia pediu que ele voltasse para casa, mas não o sancionou”, afirmou à AFP uma porta-voz da subdelegação do governo em Palencia.

A Itália também tem sido palco de manobras. O prefeito da pequena cidade de Mamoiada, na Sardenha, precisou especificar que os cães precisam estar vivos. E alguns romanos foram vistos pela AFP levando outros tipos de animais às ruas: porquinhos.

Imagens que encantaram os usuários das redes sociais, onde os animais são reis. Como o meme amplamente compartilhado de um cachorro caído em um sofá que diz ao seu dono: “Mas você já me levou embora 38 vezes hoje”. Ou o vídeo de um pai prestes a sair com a filha vestida de dálmata.

Agence France-Presse 

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