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Mundo

Brasileiros voltam para casa

Últimos integrantes do grupo que estava na capital venezuelana desde março, retornam hoje

Redação Jornal de Brasília

20/04/2020 6h30

Hylda Cavalcanti
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Deverá se encerrar hoje a agonia de um grupo formado por 46 brasileiros que estava na Venezuela quando estourou a crise do coronavírus e terminou ficando presos naquele país em função da pandemia.

Alguns reclamaram, em entrevista ao Jornal de Brasília na última semana, que estavam tendo dificuldades para se manter lá e fazer contatos com o Itamaraty. No último sábado, no entanto, um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) trouxe 12 deles ao Brasil em voo do aeroporto de Maiquetía, em Caracas, a Brasília, com escala em Roraima.

O segundo voo, com o restante dos brasileiros chega hoje, partindo do Uruguai até Caracas e, de lá, até Brasília – podendo seguir depois para outros estados onde eles residam. O voo de sábado não pôde trazer todos os brasileiros porque nele embarcaram também servidores do ministério das Relações Exteriores que precisaram sair da Venezuela depois do fechamento da embaixada do Brasil naquele país e ainda estavam lá aguardando orientações do Itamaraty.

Fechamento da embaixada

A demora para retorno destes brasileiros se deu com o fechamento da embaixada do Brasil na Venezuela. Com os voos cancelados, foi preciso ser negociada autorização para pouso de aviões da FAB em território venezuelano.

Além disso, os brasileiros reclamaram que até a última sexta-feira não tinham conseguido receber resposta a contatos diversos feitos com o Ministério das Relações Exteriores. E como em sua maior parte, eles viajaram em férias ou para visitar parentes, não se prepararam para ficar tanto tempo na capital venezuelana.

A confusão toda se deu porque, pouco antes de fechar as portas da embaixada brasileira na Venezuela, o Itamaraty informou pelos jornais de lá que ofereceu ajuda a sete brasileiros que teria sido recusada. Só que esse grupo não estava entre os sete brasileiros que recusaram ajuda, conforme contou a cirurgiã-dentista Telma Lúcia Mota de Castro (foto), uma das integrantes.

Telma Lúcia Mota de Castro é pernambucana e está na Venezuela desde fevereiro. A dentista foi a Caracas para a formatura do filho em engenharia geofísica. Mas ficou sem encontrar voos para retornar a Recife desde 15 de março, quando o país entrou em quarentena. “Além dos voos cancelados, as fronteiras estão todas bloqueadas”, afirmou.

Desabastecimento

Telma afirmou que como se não bastasse a escassez de recursos financeiros, o grupo vinha enfrentado problemas de desabastecimento de água, problemas elétricos e também de acesso à internet.

A dentista mora com a mãe de 86 anos, que tem demência vascular e alzheimer avançados. “Preciso voltar a Recife”, pediu, em tom preocupado, antes de ser resgatada.Outro integrante do grupo é o analista de sistemas Tawler Andrade dos Santos, de Minas Gerais.

Ele estava de férias na Venezuela, onde foi visitar amigos e terminou sendo pego de surpresa pelas medidas de isolamento. O analista contou que tentaram um salvo conduto junto ao governo venezuelano para fazer a viagem de carro até Roraima, mas o pedido foi negado.

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