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Mundo

Biden ganha a Casa Branca e põe fim à presidência de Trump

“Estou honrado por eles terem me escolhido para liderar nosso grande país”, disse Biden em sua primeira declaração

Redação Jornal de Brasília

07/11/2020 18h49

(COMBO) This combination of pictures created on October 31, 2020 shows Democratic presidential nominee and former Vice President Joe Biden removing his mask as he delivers remarks on Covid-19 at The Queen theater on October 23, 2020 in Wilmington, Delaware and US President Donald Trump removing his mask upon return to the White House from Walter Reed National Military Medical Center on October 5, 2020 in Washington, DC. (Photos by Angela Weiss and WIN MCNAMEE / various sources / AFP)

O democrata Joe Biden foi declarado vencedor da presidência dos Estados Unidos nete sábado, encerrando o mandato do republicano Donald Trump, que convulsionou o país e o mundo inteiro.

“Estou honrado por eles terem me escolhido para liderar nosso grande país”, disse Bidem em sua primeira declaração, depois que as principais redes de televisão anunciaram sua vitória, prometendo ser “um presidente para todos os americanos”.

Biden, votado por mais de 74 milhões de pessoas, um número sem precedentes, fará um discurso à nação às 20h (horário local, 21h de Brasília) de Wilmington, Delaware, junto com sua companheira de chapa Kamala Harris, que se tornará a primeira vice-presidente mulher nos 244 anos de história do país.

Trump, o primeiro presidente americano a perder a reeleição desde George H. W. Bush no início da década de 1990, recusou-se a conceder a vitória.

“Todos nós sabemos por que Joe Biden está correndo para se passar por vencedor e por que seus aliados na mídia estão tentando ajudá-lo: eles não querem que a verdade seja exposta”, disse em um comunicado. “O simples fato é que esta eleição está longe de terminar”, acrescentou ao chegar a um campo de golfe que possui na Virgínia, em sua primeira saída da Casa Branca desde o dia das eleições, em 3 de novembro.

“EU GANHEI ESTA ELEIÇÃO POR MUITO!”, tuitou o bilionário de 74 anos antes de retornar à Casa Branca na tarde de sábado.

Trump já havia se declarado vencedor na noite da eleição.

Diante da vantagem crescente de Biden na apuração, ele insistiu em suas alegações de fraude, ameaçando ir ao Supremo Tribunal Federal.

A campanha Trump iniciou ações judiciais em vários estados. Essas alegações, que os democratas dizem ser infundadas, podem atrasar a aprovação oficial dos resultados por dias ou semanas. Entretanto, os resultados parciais oficiais não devem mudar a tendência.

Apesar de terem ocorrido em meio à pandemia de covid-19 e em um clima político tenso, as eleições decorreram sem incidentes graves ou falhas técnicas sendo relatados.

A missão eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) disse não ter observado “nenhuma irregularidade grave” e pediu para evitar “especulações prejudiciais”.

Festas e protestos

CNN, NBC News e CBS News anunciaram a vitória de Biden pouco antes das 11h30 (horário local, 12h30 de Brasília), após declará-lo o vencedor na Pensilvânia, seu estado natal.

Depois de uma contagem que deixou o país em suspense, o ex-vice-presidente de Barak Obama, de 77 anos, ultrapassou assim o limite dos 270 votos do Colégio Eleitoral necessários para vencer.

“Conseguimos, Joe”, disse Harris a Biden com uma risada, de acordo com um pequeno vídeo que ele postou no Twitter.

“Parabéns aos meus amigos”, tuitou Obama, saudando uma vitória “histórica e decisiva”.

O ex-candidato à presidência dos Estados Unidos, Mitt Romney, foi o primeiro peso-pesado republicano a parabenizar Biden e Harris, pessoas de “boa vontade e caráter admirável”.

Os governantes de Reino Unido, Canadá, Alemanha e Irlanda foram rápidos em enviar seus bons presságios.

Celebrações e protestos estouraram em várias cidades. Em Washington, uma multidão de apoiadores de Biden compareceu para comemorar perto da Casa Branca. Em Nova York, local de nascimento de Trump e reduto democrata, houve lágrimas de alegria e buzinas.

“Estou feliz que Trump esteja fora de nossas vidas, espero que para sempre”, disse Catherine Griffin, 47, junto com um de seus dois filhos.

Mas em cidades como Phoenix, Arizona ou Atlanta, Geórgia, onde um vencedor ainda não foi declarado e a vantagem de Biden sobre Trump é pequena, muitos dos apoiadores do presidente foram às ruas para gritar “pare o roubo!”.

O Serviço Secreto já começou a intensificar a segurança de Biden, cuja posse como 46º presidente dos Estados Unidos está prevista para 20 de janeiro.

Aos 78 anos, que completará 20 de novembro, ele será o mais velho a assumir o cargo.

A terceira foi a vencida

Esse centrista que já enfrentou a ala mais esquerdista do Partido Democrata, chega à Casa Branca em sua terceira indicação, depois de tentar em 1988 e 2008.

Para Biden, trata-se de uma coroação após meio século de carreira política, incluindo oito anos como braço direito do primeiro presidente negro da América.

Ridicularizado por Trump, que o apelidou de “Joe, o dorminhoco”, acusando-o de diminuição das habilidades mentais, Biden é conhecido por sua empatia após várias tragédias pessoais: ele perdeu sua primeira esposa e filha em um acidente de carro em 1972, e quatro décadas depois, outro de seus filhos, Beau, por câncer no cérebro.

Agora, Biden prometeu restaurar a “alma” dos Estados Unidos, atingido por uma pandemia que mata mais de 236.000 e desencadeou a pior crise econômica em um século e massivos protestos sociais.

O país está profundamente dividido em questões como raça, imigração, porte de armas e vínculo com o resto do mundo após o governo Trump, sob o lema “América primeiro”.

E embora Biden tenha vencido, metade do eleitorado apoiou Trump, que acumulou um fluxo impressionante de mais de 70 milhões de votos.

Essa divisão certamente continuará a impactar o Congresso, onde os republicanos devem manter sua maioria no Senado e os democratas, embora ainda controlem a Câmara, perderam cadeiras.

Pandemia lhe custou a reeleição

Biden venceu ao reconquistar Pensilvânia, Michigan e Wisconsin, estados democratas tradicionais que Trump conquistou em 2016 com o apoio dos eleitores brancos da classe trabalhadora.

Quando a votação terminou, Biden conquistava pequenas maiorias no Arizona e na Geórgia, dois baluartes republicanos.

Em campanha respeitosa às restrições da covid-19, Biden se apresentou como o líder responsável e apegado à ciência de que o país precisa para enfrentar a emergência sanitária e suas consequências.

Trump, por outro lado, fez eventos em massa em um ritmo frenético após ser hospitalizado por causa do vírus, e minimizou o covid-19.

Mas a pandemia ofuscou as conquistas econômicas de seu governo, seu principal ativo. E longe do discurso conciliatório de Biden, Trump destinou à sua base afirmações infundadas, como retratar os imigrantes sem documentos como assassinos e estupradores, dizendo que os democratas iriam banir as armas e desconsiderar a “lei e a ordem”.

Trump, que chegou ao Salão Oval em 2016 como um ‘outsider’ político após chocante vitória sobre Hillary Clinton, emergirá após sobreviver ao impeachment, quebrando as normas diplomáticas internacionais e acostumando os americanos a escândalos sem fim.

Alvo de duas investigações que podem levar a julgamentos por suposta evasão fiscal, fraude e declarações falsas, seu horizonte pode ser sombrio.

O carismático apresentador do reality show “O Aprendiz” pode se gabar de que seu movimento impulsionou o Partido Republicano, e até sonha em concorrer novamente em 2024. Mas, como reconheceu no dia da eleição, para ele “perder nunca é fácil”.

© Agence France-Presse

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